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PolíticaÁfrica do Sul

Sul-africanos protestam em Lisboa por mudanças políticas

Lusa
5 de setembro de 2020

Cerca de 50 manifestantes juntaram-se ao movimento internacional One Million para exigir melhores condições de vida na África do Sul. O protesto global pretende mobilizar um milhão de sul-africanos em todo o mundo.

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Bandeira da África do Sul
Foto: Imago Images/F. Sorge

Cerca de 50 pessoas fizeram um protesto este sábado (05.09) em frente ao Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, em defesa da melhoria das condições de vida na África do Sul. Os manifestantes juntaram-se ao movimento internacional One Million, manifestação global que pretende mobilizar pelo menos um milhão de sul-africanos contra a crise que o país está a enfrentar.

O movimento One Million foi fundado pelos ativistas Jarette Petzer e Joanita Van Wyk também para lutar por uma nova lei eleitoral, no meio da pandemia de Covid-19. A concentração decorreu num clima pacífico, com música, dança e doces típicos do país sul-africano.  

A coordenadora do movimento One Million em Lisboa, Lauren Almeida, sublinhou que é importante chamar a atenção do mundo para o "grande problema com a gestão de fundos governamentais" na África do Sul. A ativista apelou aos sul-africanos expatriados "para se unirem pela paz, amor e prosperidade".

"Existem muitas atrocidades no país: homicídios, crimes, violações. No entanto, o mais importante é que, em junho, o Tribunal Constitucional considerou a lei eleitoral inconstitucional e deu 24 meses para se alterar e haver eleições diretas para que possamos votar por pessoas que possam ser responsabilizadas e não por partidos. Neste momento, são as pessoas dentro desses partidos eleitos que decidem quem ocupa os cargos", explicou.

A viver entre a África do Sul e Portugal nos últimos dois anos, Lauren Almeida salienta que os problemas existentes "já têm décadas", mas pioraram nos últimos anos. A pandemia de Covid-19 "veio agravar as condições de vida". Contudo, não perde a esperança de ver o país unir-se em prol de uma mudança real no curto prazo.

"Há muitos problemas que precisam ser resolvidos. O movimento One Million quer ser a voz pela África do Sul e defender os direitos das pessoas. Este é um sinal de que os sul-africanos conseguem mobilizar-se. Acredito e tenho a convicção de que é um movimento que vai crescer em defesa do país", sublinhou.

Pressão internacional

Com dupla nacionalidade, sul-africana e portuguesa, Carlos Arantes viveu entre os cinco e os 48 anos na África do Sul, país onde construiu família e pelo qual continua a ter um sentimento especial, fortalecido pela preocupação com a atual conjuntura sul-africana.

"Estamos a tentar que haja uma mudança de política por parte do Governo sul-africano, nomeadamente ao nível da corrupção e na ajuda aos mais desfavorecidos", frisou. "Não se trata de uma só pessoa, é todo um sistema: o Governo e, na minha opinião, até a oposição, que não tem feito o suficiente para obrigar o Congresso Nacional Africano [ANC, na sigla em inglês] a mudar de política", acrescentou.

Segundo Carlos Arantes, a pressão da comunidade internacional que o movimento One Million visa criar será fundamental para provocar a alteração da política atual. O português e sul-africano lembrou que "o Apartheid acabou há mais de 20 anos também devido à pressão" dos outros países.

"Faço minhas as palavras do nosso ícone Nelson Mandela: Se o ANC fizer o que o governo do Apartheid vos fez, então façam ao ANC o que fizeram ao governo do Apartheid", concluiu.

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