Mais um comboio da Vale atacado no centro de Moçambique
O comboio foi atacado de manhã, por volta das 10 horas, nas imediações do posto administrativo de Nhamitanga, no distrito de Cheringoma. Transportava carvão de Moatize, na província de Tete, para o porto da Beira, província de Sofala.
O ataque aconteceu não muito longe do local onde no mês passado ocorreram dois ataques consecutivos contra locomotivas da Vale Moçambique. Por esse motivo, a empresa mineira brasileira chegou a suspender a circulação ao longo daquela ferrovia.
Na altura, as medidas de segurança foram reforçadas. Forças de defesa e segurança foram destacadas para o local para garantir a circulação de pessoas e bens. A Vale e a empresa estatal Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) decidiram também que só haveria circulação no troço Caia-Muanza no período diurno.
O diretor executivo da empresa estatal Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), Cândido Jone, disse à DW África que há "prejuízos enormes" para o país, a CFM e a própria Vale por causa das restrições na linha proveniente de Moatize. Ainda assim, garante que as atividades vão continuar. "A carga que se destina ao porto da Beira sempre há-de vir para o porto da Beira por causa da sua localização estratégica", lembra.
Segundo um relatório da CFM, a empresa perdeu mais de 2.322 mil dólares com a suspensão por mais de duas semanas do uso da linha de Sena pela Vale Moçambique, o maior cliente daquela empresa estatal. A DW África tentou, sem sucesso, obter também uma reacção da Vale Moçambique.
Governo e RENAMO trocam acusações
Novos episódios de violência têm marcado o centro do país nos últimos dias. Na semana passada, foram assassinados três régulos locais e líderes comunitários nos distritos de Chibabava e Cheringoma.
Os filhos do régulo de Muxúnguè, Macotore José, disseram, em entrevista à DW África, que o pai pode ter sido morto por motivos políticos. Mas acrescentam que o régulo tinha litígios com outras pessoas na região.
Os ataques na região têm sido atribuídos pelas autoridades a homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). O porta-voz do comando provincial de Sofala, Daniel Macuacua, sem entrar em detalhes, afirma que se trata de "mais uma acção criminal" do braço armado do maior partido da oposição moçambicana. O Governo também culpa a RENAMO por raptos e assassinatos.
Por sua vez, o maior partido da oposição denuncia bombardeamentos na serra da Gorongosa, local onde presumivelmente estará escondido o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama.
A intensificação dos raptos, assassinatos e ataques nas estradas da região centro de Moçambique acontece numa altura em que as negociações entre o Governo e a RENAMO, na presença de mediadores internacionais, ganham um novo rumo. Na semana passada, mediadores internacionais pediram tempo para alegadamente organizarem as linhas que vão aproximar as duas partes.