Gaza: Ajuda chega a conta-gotas, tensão cresce na região
23 de outubro de 2023A passagem fronteiriça de Rafah reabriu no domingo (22.10) para que 17 veículos com ajuda humanitária para o povo palestiniano pudessem rumar em direção às populações da Faixa de Gaza, depois de no sábado (21.10) terem entrado naquela região outros 20 camiões. A Organização das Nações Unidas (ONU) diz que são precisos pelo menos cerca de 100 camiões por dia para abastecer os cerca de 2,4 milhões de habitantes daquela faixa terrestre, que estão sujeitos a um bloqueio israelita desde que o grupo terrorista Hamas lançou uma ofensiva contra o sul de Israel em 7 de outubro.
No terreno, as tropas israelitas intensificam os ataques por ar contra as posições do grupo armado. O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, disse que a guerra na Faixa de Gaza deverá ser "a última" neste território palestiniano.
"Levará um mês, dois meses, três meses e no final não haverá mais Hamas. Antes que o Hamas encontre os nossos blindados e a nossa infantaria, experimentará as bombas da Força Aérea", frisou.
Israel diz que está prestes a lançar uma ofensiva terrestre para tomar de assalto a Faixa de Gaza. Numa mensagem dirigida a todo o exército, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou aos militares que estão perante "a batalha" das suas vidas.
"Uma batalha pela nossa casa, isto não é um exagero, isto é a guerra. É matar ou ser morto e vocês têm de os matar. Estamos agora numa dupla batalha: uma batalha para manter a ação aqui e, do outro lado, para ganhar lá, uma vitória absoluta que irá eliminar o Hamas", sublinhou.
Hezbollah ameaça juntar-se
Essas declarações surgem no dia seguinte ao anúncio do Hezbollah, um grupo xiita do Líbano, de que já tem militares na fronteira com Israel, e que esse Estado fronteiriço pagará um preço alto sempre que iniciar uma ofensiva terrestre na Faixa de Gaza. Netanyahu ripostou:
"Se o Hezbollah decidir entrar na guerra, vai perder a Segunda Guerra do Líbano. Cometerá o erro da sua vida. Vamos paralisá-lo com uma força que ele não pode sequer imaginar, e o significado para o Hezbollah e para o Líbano será devastador", avisou.
Os Estados Unidos anunciaram nas últimas horas um reforço militar no Médio Oriente em resposta às "recentes escaladas do Irão e das suas filiais" na região. O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, avisou que Washington "não hesitará em agir" militarmente.
"Se algum grupo ou país está a tentar alargar este conflito e tirar partido desta situação infeliz a que assistimos, o nosso conselho é que não o faça. Mantemos o direito de nos defendermos e não hesitaremos em tomar as medidas adequadas", asseverou.
Um sistema de defesa antimíssil de alta altitude e várias baterias de mísseis terra-ar Patriot serão instalados "em toda a região", e mais meios militares foram colocados em estado de "pré-implantação", anunciou ainda Lloyd Austin.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Hosein Amir Abdolahian, avisou os Estados Unidos e Israel que a situação "pode tornar-se incontrolável" no Médio Oriente se não puserem "imediatamente fim aos crimes contra a humanidade".
A comunidade internacional receia um alastramento da guerra entre o movimento islamita Hamas e Israel e um maior envolvimento do Hezbollah libanês, aliado do Hamas apoiado pelo Irão.