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ConflitosIsrael

Africanos a favor da acusação de genocídio contra Israel

Benita van Eyssen | Chrispin Mwakideu | DW (Deutsche Welle)
12 de janeiro de 2024

Audiências da acusação de genocídio contra Israel, movida pela África do Sul, despertam muita atenção e reações no mundo. Africanos ouvidos pela DW apoiam a causa sul-africana e esperam mais de outras nações africanas

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Sessão de audição de Israel no Tribunal de Haia
Sessão de audição de IsraelFoto: Thilo Schmuelgen/REUTERS

Israel negou hoje no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) pretender destruir o povo palestiniano em Gaza, ao defender-se das acusações de genocídio formuladas pela África do Sul junto do mais alto tribunal da Nações Unidas.

Tal Becker, um dos advogados de Israel perante o Tribunal Internacional de Justiça, em Haia na Holanda, descreveu esta sexta-feira (12.01) as operações militares contra o grupo terrorista Hamas como tendo objetivo de proteger o povo israelita.

"O que Israel procura ao operar em Gaza não é destruir um povo, mas proteger um povo, o seu povo, que está a ser atacado em múltiplas frentes e fá-lo de acordo com a lei, mesmo quando enfrenta um inimigo sem coração determinado a usar esse mesmo compromisso contra ele", declarou.

Becker descreveu as acusações de genocídio formuladas contra Israel como "totalmente distorcidas" e considerou que não refletem a realidade do conflito na Faixa de Gaza.

No entanto, o ministro da Justiça da África do Sul, Ronald Lamola, considerou que Israel não refutou a acusação de forma “convincente” e frisou que, ao abrigo da Convenção sobre o Genocídio, “nada justifica os atos genocidas atualmente cometidos por Israel".

Os ataques israelitas têm atingido civis palestinianos
Os ataques israelitas têm atingido civis palestinianosFoto: Khaled Omar/Xinhua/picture alliance

O Estado sul-africano apresentou em dezembro um pedido urgente ao Tribunal Internacional de Justiça para que ordene a Israel que "suspenda imediatamente as operações militares" na Faixa de Gaza, uma acusação reforçada na quinta-feira (11.01) no primeiro dos dois dias das audições do caso.

Pretória acusa Telavive de matar palestinianos em "grande número", e de lhes causar "graves danos físicos e mentais", bem como deslocamentos em massa, privação de alimentos, de cuidados médicos, de abrigo e de higiene e saneamento.

Africanos apreciam posição de Pretória

Muitas pessoas na África do Sul e noutras partes do continente africano estão a acompanhar de perto o processo que teve início no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, na quinta-feira (11.01).

Em Banjul, capital da Gâmbia, o residente Modou Jawo, está a favor da ação movida pela África do Sul contra Israel. Falando à DW, argumenta que não se pode tolerar as matanças de civis inocentes em curso na Faixa de Gaza.

"Todos os países africanos devem apoiar a África do Sul neste passo”, disse Jawo, argumentando que "o que Israel está a fazer é matar pessoas inocentes".

Também Dija Jawo, uma blogger da Gâmbia qualifica a queixa contra Israel como  "uma medida muito positiva porque, acrescenta Dija, "reflete o empenho da África do Sul na defesa dos direitos humanos e no apoio às pessoas afetadas por conflitos".

Porque é que a África do Sul está a processar Israel?

A Gâmbia que é predominantemente muçulmana e membro da Organização de Cooperação Islâmica apoia o processo da África do Sul contra Israel.

No seu pedido de 84 páginas, a África do Sul sublinha algumas semelhanças que vê com os territórios palestinianos.Israel rejeita quaisquer sugestões de semelhanças com o apartheid e a reivindicação é altamente controversa a nível mundial.

Críticas da comunidade judaíca 

O Conselho de Deputados Judeus da África do Sul (SAJBD, na sigla inglesa), criticou o Governo sul-africano por ter levado Israel ao TIJ. Karen Milner é presidente do SAJBD censura a postura de Pretória noutros conflitos.

"Não vimos isto ser feito pela África do Sul em relação ao conflito Rússia-Ucrânia, em relação a conflitos horríveis que ocorrem em toda a África, incluindo neste momento no Congo e no Sudão", refere a chefe do Conselho de Deputados Judeus da África do Sul.

O caso da África do Sul surgiu depois de Israel ter lançado a sua ofensiva em Gaza, após o Hamas - que foi reconhecido como um grupo terrorista pela UE, Estados Unidos, Alemanha e outros, mas não pela África do Sul - ter levado a cabo uma série de grandes ataques terroristas no sul de Israel a 7 de outubro, matando cerca de 1200 pessoas e fazendo mais de 200 reféns.

Desde então, dezenas de milhares de palestinianos em Gaza foram mortos nos combates, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, dirigido pelo Hamas.

As Nações Unidas alertaram para o facto de a situação humanitária em Gaza se estar a deteriorar-se.

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