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Polícia procura ex-deputado raptado no centro de Moçambique

Bernardo Jequete (Chimoio)14 de julho de 2016

A polícia promete "fazer tudo" para encontrar Manuel Lole, ex-deputado do principal partido da oposição moçambicana, raptado na terça-feira quando estava em casa. Nações Unidas alertam para aumento da violência no país.

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Foto: DW/Johannes Beck

O episódio aconteceu em Chimoio, na província de Manica, junto ao Instituto Agrário. Manuel Lole, antigo deputado da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e ex-membro do Conselho de Estado, foi algemado e sequestrado por dois homens que não se identificaram, na terça-feira (12.07).

O paradeiro do antigo deputado é ainda incerto e a identidade dos homens que o levaram continua por definir, ainda que a polícia local garanta que está a fazer de tudo para resgatar a vítima.

De acordo com Verónica Lole, esposa de Manuel Lole, os dois homens pediram a identificação ao ex-deputado, para logo de seguida o obrigarem a entrar numa viatura, na qual se puseram em fuga.

Mosambik Verónica Lole in Chimoio
Verónica Lole refere que os homens que levaram o marido disseram que vinham da parte do Presidente de MoçambiqueFoto: DW/B. Jequete

"Pediram licença, o meu marido parou à porta e, ao cumprimentá-lo, algemaram-no logo. Eu vinha do lado de trás, a sair do banho, e quando me aproximei eles perguntaram se não havia armas aqui. O meu marido respondeu: não tenho nada. E os bandidos começaram a vasculhar as coisas e levaram duas pastas e três telemóveis", relata Verónica Lole.

A mulher do antigo deputado da RENAMO diz ter sido ameaçada quando perguntou aos raptores para onde levariam o marido. Responderam-lhe que iam levá-lo para a capital, Maputo, para se encontrar com o Presidente da República, Filipe Nyusi.

Mosambik Haus des ehemaligen mosambikanischen Stellvertreters Manuel Lole in Chimoio
A casa em Chimoio onde Manuel Lole foi raptado na manhã de terça-feiraFoto: DW/B. Jequete

Perseguição política

A polícia já confirmou oficialmente que Manuel Lole foi levado da sua residência e pediu a colaboração da população na denúncia dos supostos raptores.

"Houve demora na participação do caso às autoridades, o que acabou por prejudicar o trabalho policial", comentou Leonardo Colher, responsável pelas relações públicas no Comando Provincial da Polícia de Manica.

"Não obstante, não deixamos de fazer tudo o que está ao nosso alcance para o esclarecimento deste crime" e "devolver este cidadão ao convívio familiar", asseverou o responsável.

A propósito do caso, o porta-voz da RENAMO, António Muchanga, lamenta o "agravamento da intolerância política" no país e acusa o Governo de perseguição política aos membros do maior partido da oposição.

Mosambik Leonardo Colher in Chimoio
Leonardo Colher, do Comando Provincial da Polícia de Manica, garante que a polícia está no encalço dos dois suspeitosFoto: DW/B. Jequete

Apesar da RENAMO e do Governo terem reatado as negociações, continuam a surgir relatos de confrontos no centro do país entre o partido e as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas.

Na quarta-feira, o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama acusou a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), o partido no poder, de ter uma "agenda escondida" para o tentar matar. Em entrevista ao Canal de Moçambique, Dhlakama também denunciou a ocorrência de bombardeamentos sistemáticos na Serra da Gorongosa, onde se encontra escondido.

Por outro lado, há cerca de duas semanas, dois dirigentes da FRELIMO foram mortos em três ataques armados em Manica, atribuídos pelas autoridades a homens armados da RENAMO.

O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Al-Hussein, alerta que Moçambique "mostra sinais de regresso à violência" e pede que sejam apuradas responsabilidades em relação às várias denúncias de raptos, execuções sumárias e maus-tratos no país.

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