1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Terrorismo: Oposição exige investigação a FRELIMO

Sitoi Lutxeque (Nampula)
21 de dezembro de 2022

Os partidos da oposição moçambicana negam que estejam a facilitar o recrutamento de terroristas, tal como denunciou o Presidente Filipe Nyusi. A oposição exige provas e uma investigação séria dentro do partido no poder.

https://p.dw.com/p/4LGxN
Líder da FRELIMO, Filipe Nyusi
Foto: Israel Zefanias/Xinhua/IMAGO

O chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, disse recentemente, na cidade de Nampula, que há políticos que facilitam o recrutamento de jovens para o ingresso nas bases dos terroristas que saqueiam e matam no norte do país. Não mencionou nomes, mas disse que são conhecidos e prometeu que serão responsabilizados.

"Alguns que se fazem de políticos, mas depois são recrutadores de futuros terroristas, estamos a seguir", disse o chefe de Estado moçambicano, alegando que as denúncias dos políticos supostamente envolvidos surgem dos próprios insurgentes.

"Há denúncias daqueles que fogem e dizem os vossos nomes, e eu sei que me estão a ouvir", acrescentou Nyusi.

Os partidos políticos da oposição não gostaram das palavras de Nyusi e dizem-se ofendidos. O porta-voz do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Ismael Nhacucue, pede que o Presidente da República prove o que disse.

"O chefe de Estado, gozando de acesso a informação privilegiada, sabe o que está a dizer. Não pode simplesmente vir ao público a tirar informações bastante sensíveis quanto estas sem apresentar provas", respondeu o porta-voz da terceira força politica moçambicana.

Ismael Nhacucue
MDM é um dos partidos que critica as declarações do Presidente de MoçambiqueFoto: Arcénio Sebastião/DW

Investigação do caso

Segundo Isamael Nhacucue o caso deveria ir à Justiça. "Nunca vimos alguém a ser constituído arguido ou a ser detido", salienta.

Também o líder da Nova Democracia, Salomão Muchanga, quer uma investigação séria e honesta para responsabilizar os recrutadores de terroristas. "Porque os donos da situação são os mesmos – aqueles que nunca trabalharam para a paz no país, aqueles que nunca trabalharam para o bem-estar social do povo moçambicano", disse.

Para o presidente do partido Ação do Movimento Unido para a Salvação Integral (AMUSI), Mário Albino, os membros da própria Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder), têm de ser investigados.

Albino argumenta que o partido "tem o poder para apoiar o terrorismo". Por isso, entende que a denúncia do chefe de Estado é para o próprio partido.

O Presidente da República e da FRELIMO "não está a falar de políticos fora do partido dele. Faltou dizer taxativamente que alguns membros da FRELIMO estão a financiar o terrorismo", disse.

Segundo Mário Albino, Filipe Nyusi está a perder a oportunidade de ordenar uma investigação para um caso mais recente e polémico, relacionado com as denúncias do deputado Venâncio Mondlane, de que alegadamente existe um deputado envolvido em negócios de drogas na província da Zambézia.

"Teria de apertar o Venâncio [Mondlane, deputado da RENAMO] para explicar quem é que na Assembleia da República está a lidar com a situação de droga", disse.

População em fuga no norte de Moçambique