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O segredo da universidade que desafia o Boko Haram

Muhammad Al-Amin
24 de setembro de 2020

Mesmo instalada na área de origem do Boko Haram, a Universidade de Maiduguri nunca interrompeu as atividades académicas. A instituição de ensino é um dos principais alvos do grupo terrorista, mas sobrevive à insurgência.

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Nigeria Maiduguri Universität
Foto: Sally Hayden/ZUMA Press/Imago Images

A Universidade de Maiduguri, a maior instituição de ensino superior no estado de Borno, no nordeste da Nigéria, tem permanecido aberta, apesar de ser um dos principais alvos do grupo terrorista Boko Haram.

Traduzido livremente do Hausa, Boko Haram significa figurativamente que a "educação ocidental é um pecado”. O grupo terrorista realizou ataques na tentativa de criar um califado islâmico na região do Lago Chade. Tais ataques geraram preocupação dentro da universidade popularmente conhecida como Uni Maid.

O campus da universidade fica nos arredores de Maiduguri, berço do Boko Haram. Desde que a insurgência começou no estado de Borno, há onze anos, a instituição de ensino permanece aberta, fornecendo educação e refúgio a mais de 25 mil alunos.

Abdul-Mutalab Abukabar, do Departamento de Comunicação da universidade, está entre os professores que viveram o início da insurgência. O docente não esconde os traumas daquele período, quando os alunos viam alguns professores com suspeita, achando que alguns eram insurgentes.

"Os professores também pensavam que havia insurgentes nas salas de aula. Mesmo durante as aulas, durante os exames, ouvir o barulho de armas, de explosões de bombas era tão caótico, tão traumático", lembra.

Nigeria Weltwassertag 2017
Acampamento de deslocados devido aos ataques do Boko Haram em MaiduguriFoto: picture-alliance/ZumaPress/UNICEF/Gilbertson

A resistência

Mesmo durante o pico dos ataques do Boko Haram contra a instituição de ensino no nordeste da Nigéria, a Universidade de Maiduguri nunca fechou as portas. Como é que isso foi possível?

"Fechar a universidade seria sucumbir à pressão dos insurgentes - que pensavam que a educação ocidental era má. Então, se a administração decidisse fechar a universidade, significaria que os insurgentes teriam obtido o que queriam", explica Abubakar.

Estudantes como Sulaiman Victor Mshelia dizem que a universidade é o lugar mais seguro de Borno durante a insurgência.

O segredo da universidade que desafia o Boko Haram

"Os estudantes estão muito preocupados com a segurança. Esse é um instinto que desenvolveram para sobreviver no campus. Acho que eles são super-heróis. Definitivamente, existe medo entre os estudantes, mas eles estão à altura da tarefa”, diz Mshelia.

Para o analista de segurança, Sule Makama, a obstinação das autoridades da Uni Maid e a cooperação com as forças de segurança ajudaram a instituição de ensino. Makama lembra que o Boko Haram tentou atacar várias vezes a universidade nos últimos anos.

"Vimos ataques de homens-bomba até mesmo nos albergues. Mas, apesar de tudo isso, a administração da universidade foi resiliente. Recusaram-se a fechar a universidade. Em torno de 1,3 mil seguranças foram destacados para aumentar a segurança na instituição", destaca o analista.

O Governo Federal da Nigéria construiu uma cerca ao redor do campus central da universidade para protegê-la da ação de insurgentes.

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