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RENAMO ameaça inviabilizar governação em Marromeu

Nádia Issufo
21 de dezembro de 2018

Em Moçambique, o Conselho Constitucional validou esta sexta-feira (21.12.) os resultados da polémica eleição autárquica de Marromeu, na província de Sofala, de 22 de novembro, que dá vitória a FRELIMO.

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José Manteigas, Sprecher von RENAMO Nationalrat in Beira
José ManteigasFoto: DW/Arcénio Sebastião

A votação da segunda volta em Marromeu, na província central de Sofala, foi marcada por fraudes gritantes com provas evidentes, mas sem nenhuma intervenção para se repor a verdade.

A RENAMO, que viu o seu recurso chumbado pelo Conselho Constitucional, já ameaçou inviabilizar a governação nessa autarquia.

A DW África entrevistou José Manteigas, porta-voz do maior partido da oposição de Moçambique, sobre este assunto que ao que tudo indica vai aumentar ainda mais a tensão no país.

DW África: Como pretendem inviabilizar a governação da FRELIMO em Marromeu?

José Manteigas (JM): Como disse esta manhã na devida altura vai-se verificar essa informação. Isso é uma estratégia e como tal não vamos divulgar o que vamos fazer porque o partido no momento próprio vai deliberar sobre como fazer para que de facto a verdade seja reposta no seu devido lugar.

DW África:  O recurso às armas é uma hipóteses a ser colocada em cima da mesa?

JM: A RENAMO nunca recorreu às armas para resolver os problemas. É por isso que sempre foi pela via de negociações, tanto é que sempre tomou a iniciativa de chamar a razão a contra-parte e convidar para ir para a mesa de negociações. Portanto, a RENAMO vai ter outros mecanismos para poder inviabilizar a governação porque de facto aquela autarquia pertence à RENAMO.

Moçambique: RENAMO ameaça inviabilizar governação em Marromeu

DW Africa: A nomeação de quadros da RENAMO para cargos interinos nas Forças de Defesa e Segurança e as irregularidades nas eleições autárquicas voltaram a desencadear tensões entre a RENAMO e o Governo. Existem riscos de se por em causa o processo de paz que estava no bom caminho até há bem pouco tempo?

JM: Mantemo-nos calmos e seremos. O que estamos a exigir é que o Governo da FRELIMO seja sério e que o Presidente da República seja sério e aja de boa fé. Tivemos um grande entendimento que não fala claramente de nomeações interinas. Como é que agora o chefe de Estado, na qualidade de Comandante Chefe das Forças de Defesa e Segurança ordena nomeações interinas? Portanto, são essas questões que pouco a pouco criam conflitos entre os moçambicanos. E se queremos uma nação reconciliada temos que deixar de lado tudo aquilo que causa conflitos, que não é atualmente o caso. Portanto, a FRELIMO está determinada a criar conflitos, talvez porque tira proveito dessa situação com os conflitos que vão surgindo no nosso país.

DW África: Face a esta crescente tensão acha que existem condições para o país realizar eleições gerais daqui a mais ou menos dez meses?

JM: Achamos que sim e queremos convidar a comunidade internacional, que em muitas ocasiões fica digamos indiferente perante essas situações flagrantes, para que nos ajude a resolver esse problema. Se hoje a FRELIMO está a perder popularidade e como forma de se manter no poder pugna por essas artimanhas de fraudes e do não cumprimento do Memorando de Entendimento, que a comunidade internacional lhe chame a atenção e nos ajude a solucionar o problema. As confissões religiosas e a sociedade civil têm uma grande responsabilidade no sentido de nos ajudarem a mantermos esta paz e a reconciliação. E temos vindo a exortar para que isso aconteça, mas até hoje, com exceção de algumas embaixadas, há uma condenação do que aconteceu em Marromeu, mas de uma forma geral há um silêncio absoluto sobre os problemas que estão a acontecer no país e que podem de facto degenerar numa situação insuportável, como aconteceu há mais de dois anos atrás.

 

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