Movimentos rebeldes multiplicam-se para defender RDC do M23
7 de fevereiro de 2023O leste da República Democrática do Congo está infestado por grupos rebeldes armados. O conflito de décadas já deixou mais de 500.000 pessoas deslocadas na província do Kivu do Norte.
O Movimento 23 de Março (M23), predominantemente de etnia tutsi, tem vindo a assumir territórios ricos em minerais e continua a avançar em direção à capital provincial, Goma.
A rápida investida do M23 tem levado à formação de outros grupos étnicos rebeldes. Entre eles está a milícia liderada pelo autoproclamado general Kabido. O objetivo é salvaguardar o território de Masisi.
"Há mais de duas décadas que a população do leste do país tem sido tomada como órfã, que não tem a quem clamar por socorro. Tudo isso devido ao sofrimento provocado por grupos armados estrangeiros - como o M23. Tomámos a iniciativa de pegar em armas e de defender o nosso povo", explica o porta-voz Raus Siku.
Direito à autodefesa
Outra milícia é a dirigida pelo autoproclamado general Guidon Shimiray, presente nos territórios de Walikale e Masisi. Também eles estão empenhados em lutar pelo direito fundamental à autodefesa.
O capitão, Justin Kambale, admite à DW estar perturbado com o silêncio da comunidade internacional perante as atrocidades cometidas no leste da RDC.
"Juntei-me a este grupo armado por causa da sua ideologia e visão. É um grupo de revolucionários. Hoje, estamos na aldeia de Kishishe a defender a integridade e a honra perante o inimigo, o M23. Estamos a aguentar afirme e sabemos que com o nosso comandante tudo é possível e o inimigo não pode fazer nada contra nós", referiu.
Jovens aliciados
A maioria dos jovens é atraída a juntar-se a estas forças rebeldes. É o caso de Espoir Mwinuka, um jovem da cidade de Goma. Ele considera que a entrada em grupos de autodefesa é um passo importante numa altura em que o país está a ser atacado, mas gostaria que os jovens pudessem ser recrutados como militares.
"Gostaríamos de ver os congoleses nas Forças Armadas do país (FARDC). Gostaria que os jovens se juntassem ao exército, para que aprendessem a respeitar e a lidar com os direitos humanos. Temos um exército instruído e acreditamos que incorporar mais jovens ajudará os militares a servir melhor o nosso país", defende.
Numa cimeira extraordinária, no último sábado (04.02), no Burundi, os presidentes dos países da África Oriental concordaram em promover o processo de paz no leste da RDC, propondo a ratificação do cessar das hostilidades pelo exército congolês e o M23.
Esta segunda-feira (06.02), vários milhares de pessoas manifestaram-se em Goma contra a "passividade" da força da África Oriental destacada na região.