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Laboratório móvel alemão usado na África do Sul para testar SIDA

30 de novembro de 2012

1 de Dezembro é o dia mundial de luta contra a SIDA, doença que continua a matar milhões de pessoas no continente africano. Um laboratório móvel alemão permite agora fazer testes de HIV e obter imediamente o resultado.

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Foto: BZgA

Cidado do Cabo. Mary-Ann e Angeline não sabem ao certo, se hão-de ir à grande praça para se submeterem ao teste. Com 19 e 21 anos respectivamente, as duas são solteiras. Nesta tarde, os serviços laboratoriais do Estado não só oferecem gratuitos testes de HIV, mas também de tuberculose. Ninguém iria saber a que testes se teriam submetido as duas jovens na tenda branca. “Vamos?”, pergunta Mary-Ann. “Vamos”, responde a irmã mais velha.

Bem-vindos ao fim do mundo

Lá fora, na rua, os cães desviam-se para deixar passar um grande camião branco que se dirige à praça. Uwe Schön dá direcções ao condutor e diz que mal acredita que tenham finalmente chegado: “Agora vamos poder ver o nosso bebé em acção”, brinca. O bebé em questão tem 15 metros de comprimento, dois e meio de largura e quatro de altura: trata-se do primeiro laboratório móvel de segurança do mundo.

Uwe Schön é físico no Instituto Frauenhofer de Técnica Biomedicinal (IBMT) em Sulzbach, no Estado federado alemão do Sarre. Nos últimos cinco anos dirigiu os trabalhos de apetrechamento do camião. Suzette Pfeiffer, de 40 anos, chega apressada: “Vocês podem testar o meu sangue imediatamente, com essa coisa?”, pergunta. Uwe Schön acena que sim. “Ainda bem”, diz, contente, a mulher e informa que trabalha num lar para idosos e que as provas se perdem regularmente a caminho da Cidade do Cabo. “Isso é muito bom! Bem-vindos ao fim do mundo!”

Tecnologia de ponta altamente sensível

O laboratório móvel foi justamente pensado para colmatar uma lacuna nos serviços de saúde em África, onde geralmente os caminhos são longos e difíceis, e a pobreza é tão grande, que muitas pessoas não se podem dar ao luxo de perder dois dias para fazer um teste de HIV. “É esse o problema”, concorda o Hagen von Briesen, um dos mais renomados especialistas em biologia das células do mundo e director científico do projecto “Mobil-Lab”. “Acresce que as pessoas perdem muito tempo, antes de começarem a terapia”. Foi assim que surgiu, em 2007, muito longe de África, no Sarre, a ideia de um laboratório móvel, no qual o teste pode ser levado a cabo em poucas horas no local.
No interior do laboratório móvel correm os preparativos para a análise das primeiras privas. O técnico Sim liga o computador à Internet, o seu colega, Byron, dirige-se à unidade reservada à tecnologia. Aqui o ar é filtrado antes de entrar e sair do recinto, para proteger os colaboradores, os pacientes e o meio-ambiente. “s condições são tão perfeitas como numa clínica”, entusiasma-se Byron.

HIV Test in Südafrika
Teste de HIV na Cidade do CaboFoto: dpa

HIV continua a ser um tema tabu

Agora estão a ser analisadas uma gota de sangue de Mary-Ann e outra de Angeline. “Quanto tempo demora?” Janine Ross fala com as jovens: “Não demora”, diz. Janine Ross, de 25 anos, ocupa-se de várias centenas de pacientes de SIDA nesta região para além das montanhas. “O que mais me frustra é a doença ainda hoje ser um tema tabu para parte da população da África do Sul”, explica a assistente social. Uma das suas clientes é Edwina,de 24 anos, seropositiva há sete anos. “O meu namorado sabe, ele também é seropositivo, mas a minha mãe não faz ideia”, diz. Todas as manhãs, Edwina toma seis comprimidos, e outros seis à noite. “Isso não me incomoda. As relações com outras pessoas voltaram a fazer sentido”.

Südafrika Weltaidstag Wandbild in Soweto
Um mural no Soweto alerta para a SIDAFoto: picture-alliance/dpa

Quase 20 porcento da população da África do Sul é seropositiva. Trata-se de uma das taxas mais elevadas do mundo. Em 1990, o vírus apenas um porcento da mulheres grávidas, hoje são 30 porcento. O que é uma catástrofe, mas há motivos para esperanças. Há 30 anos, os médicos Michael Gottlieb e Wayne Sandera publicaram, pela primeira vez, numa revista da especialidade chamada "Morbidity and Mortality" a descrição dos primeiros casos de SIDA. Desde então morreram 25 milhões de pessoas desta doença.

“Hoje já ninguém precisa de morrer, os medicamentos funcionam”, diz o virólogo alemão Wolfgang Preiser, diretor do Departamento de Virologia do Hospital Tygerberg, na Cidade do Cabo. “Agora trata-se de encontrar uma vacina”. E é aqui que o laboratório móvel pode assumir um papel crucial. A bordo do camião encontra-se um banco de dados criogénico, que permite digitalizar de imediato e preservar a 195 graus célsio negativos as provas de sangue recolhidas no local.

A técnica desenvolvida no Instituto Frauenhofer em Sulzbach foi financiada, sobretudo, pela Fundação Bill e Melinda Gates, que também se empenha na procura por uma vacina contra a SIDA.

A tuberculose é um problema tão grande como o HIV

Mary-Ann e Angeline fizeram também o teste da tuberculose, que Byron analisa agora no laboratório. A tuberculose não só é extremamente contagiosa, como representa um problema de proporções idênticas às da SIDA. “Enquanto é possível tratar o HIV”, diz van Briesen, os casos combinados de SIDA e tuberculose são muito complicados. Daí que seja importante detectar as infecções o mais cedo possível. O laboratório móvel representa uma vantagem neste contexto”. Duas horas mais tarde, a assistente social, Janine Ross, chama as duas jovens: “Tenho os vossos resultados”. “E?” Mary-Ann e Angeline não escondem o seu nervosismo. “Nem tuberculose, nem HIV. Agora tenham muito cuidado!”. Janine diz ser um fantástico que o laboratório móvel reduza deste modo o tempo de espera pelos resultados, que pode ser de grande sofrimento.

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Os medicamentos funciomam, mas ainda falta descobrir a vacina contra a SIDAFoto: picture-alliance/dpa

Ao fim da tarde, Uwe Schön estaciona o camião diante o hospital local. Não tarda muito que comecem a sair os primeiros babuínos da floresta circundante. “Podemos trancar o laboratório de dentro?”, pergunta Byron. Uwe Schön responde que não. É uma melhoria a fazer, diz o sul-africano: “Babuínos têm muita força e sabem abrir portas. E não costumam pedir licença para entrar”.

Autor: Gudrun Heise / Cristina Krippahl
Edição: Helena Ferro de Gouveia / António Rocha

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