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Liberdade de imprensaAngola

Detenção de jornalista em Benguela é "uma arbitrariedade"

Lusa
24 de abril de 2021

Advogado de Francisco Rasgado, detido no âmbito de um processo de difamação movido pelo anterior governador da província angolana de Benguela, diz que não há qualquer motivo para a detenção.

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Angola Francisco Rasgado, ehemaliger Dissident und Journalist
Foto: DW/N. Sul d'Angola

O advogado do jornalista angolano detido no âmbito de um processo de difamação movido pelo ex-governador de Benguela diz que se tratou de "uma arbitrariedade" e que não há qualquer motivo para a detenção.

Francisco Rasgado, diretor e fundador do jornal Chela Press, foi detido na sexta-feira (23.04) por ter incorrido num crime de desobediência por alegada falta de comparência numa sessão do tribunal, para a qual não foi notificado, segundo o seu defensor.

Em declarações à agência de notícias Lusa, José Faria sublinhou que nem o advogado nem o jornalista foram notificados sobre a audiência que teve lugar no dia 22 de abril e que a lei prevê três notificações antes que os arguidos sejam levados sob custódia, o que não aconteceu.

José Faria disse que esteve na sexta-feira com o jornalista, que "está calmo, tranquilo", mas considerou a decisão uma "arbitrariedade".

Processo movido por Rui Falcão

Francisco Rasgado assinou, no ano passado, um artigo denunciando alegadas atos de corrupção, gestão danosa e desvio de meios públicos ligados ao governo de Benguela, liderado até ao mês passado por Rui Falcão.

"Se ele apenas denunciou o ato corrupto e, por conta disso, é detido, isto é uma arbitrariedade, porque não existem requisitos para a sua prisão, não se percebe o porquê", salientou.

O mandado de detenção, assinado pelo juiz da comarca de Benguela, António José Santana, na quinta-feira e executado na sexta-feira manda que o arguido, de 64 anos, "seja conduzido à cadeia", mas não refere os motivos.

O advogado José Faria avançou à Lusa que vai entregar na segunda-feira um requerimento de "habeas corpus" para pedir a libertação do jornalista, considerando que a detenção é ilegal pois "não houve crime de desobediência".

Segundo o artigo de Francisco Rasgado, em causa estava o desvio de equipamentos para construção civil, distribuídos pelo governo central, que foram apreendidos pela Procuradoria-geral da República (PGR) por suspeitas de fraude na adjudicação à firma CCJ, do empresário Carlos Cardoso, que também apresentou queixa contra o jornalista por calúnia e difamação.

Francisco Rasgado jamais esquecerá o 27 de maio de 1977

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