O ataque armado contra uma viatura pertencente à organização humanitária PEPFAR (Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio do Sida), numa zona de Dombe na passada quarta-feira (25.11), deixou três feridos.
O representante do Fórum das Organizações Não-Governamentais Internacionais em Manica, Sérgio Pereira, disse que o ataque constitui uma ameaça terrível e sem contemplações para as organizações humanitárias:
"Trata-se de uma ameaça muito grande, na medida em que os homens armados atacam as organizações humanitárias".
"Não estamos a entender porque atacar parceiros do Governo, pois as organizações não levam consigo militares e são devidamente bem identificadas, daí que não há razões para o efeito", defendeu Pereira.
Na sequência do ataque, a Embaixada dos Estados Unidos da América emitiu um comunicado, na sexta-feira (27.11), a expressar "a sua forte preocupação com o manifesto ataque contra um transporte coletivo na província de Manica, que feriu três empregados, um dos quais gravemente, de uma organização que trabalha com a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional".
Mariano Nhongo, líder da 'Junta Militar'
Negociar e não atacar
A governadora da província de Manica, Francisca Domingos Tomás, lamentou e condenou o ataque, tendo responsabilizado a autoproclamada "Junta Militar" da RENAMO.
"A 'Junta Militar' da RENAMO continua a atacar e matar população indefesa," disse e acrescentou: "depois de tantos apelos feitos pela comunidade e pelo Presidente da República, a 'Junta Militar' não está a acatar as mensagens".
"Queremos que a 'Junta Militar' junte-se a nós, visando desenvolver a província e o país no geral. Mas a ‘Junta Militar' não tem estado a capitalizar esses apelos", afirmou Francisca Domingos Tomás.
"Repudiamos com veemência as ações macabras dos homens armados da RENAMO. Essas ações estão só a retardar cada vez mais o desenvolvimento do país. A 'Junta Militar' da RENAMO deve ir à mesa do diálogo para a solução do seu problema ou do que estão a reivindicar" - concluiu a governadora de Manica.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) em Manica, prometeu falar sobre o ataque na próxima semana.
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Exposição: "Cabo Delgado é Moçambique, Moçambique é Cabo Delgado"
Artistas plásticos aderiram à iniciativa
Os artistas que participaram nesta exposição procuraram se expressar através de obras de pintura, escultura ou cerâmica. A exposição inaugurada a 20 de novembro foi organizada pela "Nós Arte" e estará aberta ao público em geral até 10 de dezembro de 2020. Metade do valor das obras será revertido para as vítimas do conflito em Cabo Delgado.
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Exposição: "Cabo Delgado é Moçambique, Moçambique é Cabo Delgado"
Apoio às vítimas de Cabo Delgado
"O nosso intuito é direcionar o que vamos render de cada obra, 50% vai para as necessidades que há em Cabo Delgado e as necessidades são muitas neste momento. Vamos tentar delinear as prioridades: máscaras, desinfetantes, material de higiene para as senhoras, fraldas para as crianças, capulanas, arroz e feijão", esclarece o artista plástico "Chicken", promotor da iniciativa.
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Exposição: "Cabo Delgado é Moçambique, Moçambique é Cabo Delgado"
Sensibilização social
"Chicken", o coordenador do Projeto "Nós Arte", explicou que o propósito desta mostra é converter as estatísticas de mortes e refugiados em estética. A expetativa é atingir o âmago da sensibilidade social para que se questione a violência e se solidarize com os moçambicanos vítimas do terrorismo.
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Exposição: "Cabo Delgado é Moçambique, Moçambique é Cabo Delgado"
Artistas de Cabo Delgado
"Quando ligamos os noticiários, vemos o que está a acontecer: é a pandemia [da Covid-19], a guerra, a cólera, a malária... Cabo Delgado está a ser afetado por essas coisas", alertou "Chicken" que, como os outros artistas, é de lá oriundo: "O meu sentimento é de muita tristeza porque infelizmente tenho visto amigos e familiares a viverem momentos dramáticos." Obra na foto de Júlia.
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Exposição: "Cabo Delgado é Moçambique, Moçambique é Cabo Delgado"
"Esperança da Província" de João Paulo Qhea
"Eu preferi que cada um de nós representasse como se sente no momento no coração e como está de espírito. Não podemos também estar a representar a guerra enquanto queremos paz. Então, cada artista trouxe aquilo que tem e aquilo que sentiu e se inspirou para fazer a sua obra. Não é linear", explicou "Chicken".
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Exposição: "Cabo Delgado é Moçambique, Moçambique é Cabo Delgado"
"Artimisia" de Sandra Pizura
Esta pintura de Sandra Pizura representa um grito de silêncio de qualquer coisa como fúria, vingança, inconsciência moral, guerra. André Macie, João Fornasini e Julia são outros dos artistas que participam na exposição "Cabo Delgado é Moçambique, Moçambique é Cabo Delgado".
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Exposição: "Cabo Delgado é Moçambique, Moçambique é Cabo Delgado"
"O Jardim da vida" de Samuel Djive
Samuel Djive pretendeu trazer uma ideia daquilo que é o paraíso: "Se o paraíso é um espaço onde temos o bem estar, temos a paz, o amor, temos um progresso, temos uma construção positiva, então é isso que nós queremos para Moçambique. É o que eu quero para Moçambique, um país onde os meus netos e bisnetos se possam sentir orgulhosos de serem moçambicanos", comentou.
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Exposição: "Cabo Delgado é Moçambique, Moçambique é Cabo Delgado"
Uma conclusão
Samuel Djive acrescentou que "a mensagem é tentar fazer com que as pessoas tenham a capacidade de dialogar sempre na busca de soluções. Nós, como artistas, faremos a nossa parte, mas existem entidades que são responsáveis por isso. Talvez possamos criar um movimento em que criemos também uma reflexão por parte das entidades responsáveis pela segurança e governação do país."
Autoria: DW (Deutsche Welle)