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Ataque em Palma: Sul-africano entre os mortos

Lusa | Reuters | AFP
27 de março de 2021

Comboio de 17 carros fazia o resgate de pessoas retidas num hotel em Palma, quando foi atacado. Paradeiro de várias pessoas é desconhecido. "Muitos conseguiram escapar", diz fonte de segurança privada.

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Mosambik Straßenschild an der Regionalstraße R762
Foto: DW/A. Chissale

O jornal sul-africano Citizen escreve que pelo menos um trabalhador sul-africano morreu, enquanto vários outros sul-africanos encontravam-se entre os mais de 180 expatriados retidos num hotel em Palma, norte de Moçambique, após fugirem de uma nova onda de ataques armados por insurgentes na região.

A morte do cidadão sul-africano foi confirmada à agência de notícias AFP por uma fonte do Governo sul-africano em Joanesburgo.

Já o jornal The Times adianta que dezenas de empreiteiros sul-africanos e de várias outras nacionalidades "são dados como mortos ou capturados" por grupos armados quando tentavam fugir de militantes islâmicos no norte de Moçambique.  

Este jornal sul-africano refere, citando fontes da segurança, que apenas sete dos 17 veículos que fugiram do hotel na sexta-feira (26.03), próximo ao maior projeto de gás em África, conseguiram escapar quando a coluna em que seguiam foi emboscada pelos grupos armados.  

Operação de resgate frustrada

A mulher de um dos empreiteiros sul-africanos afetados, citada pelo The Times, disse que dos mais de 180 expatriados retidos no hotel, onde haviam recebido instruções para aguardar por uma evacuação por mar, 20 acabaram por ser retirados de helicóptero antes dos restantes 172 tentarem sair por estrada.

O jornal refere que a empresa militar privada sul-africana Dyck Advisory Group utilizou "bombas" contra os grupos armados, para assistir no resgate de alguns dos expatriados presos no Hotel Amarula Palma, utilizando para o efeito um helicóptero de seis lugares, para o acampamento da petrolífera francesa Total, em Afungi, que também teve de ser evacuado posteriormente.

Na emboscada dos insurgentes à coluna sul-africana em fuga por estrada "três veículos foram destruídos e sete pessoas foram mortas". 

Apenas sete veículos conseguiram sair do complexo hoteleiro, com cerca de 40 a 50 pessoas, "mas ainda assim alguns deles foram mortos", disse uma fonte da segurança a este jornal.

Entretanto, um funcionário de uma empresa de segurança privada envolvida na operação de salvamento disse à agência de notícias AFP que "o comboio de 17 carros com pessoas resgatadas do [hotel] Amarula foi atacado logo após a sua partida. Alguns foram mortos, mas muitos conseguiram escapar".

Os que permaneceram no hotel foram para quartéis militares próximos e em frente à praia e foram transportados em barcos para um local não revelado, acrescentou a fonte. "No início, pensava-se que tinham sido mortos. Eles eram cerca de 100 pessoas", disse ainda a mesma fonte à AFP.

Já o administrador da Dyck Advisory Group, Lional Dyck, confirmou à agência de notícias Reuters que pelo menos 20 pessoas foram resgatadas em helicópteros antes da emboscada. Ele disse ainda que os seus helicópteros evacuaram mais de 20 pessoas este sábado (27.03).

Também este sábado, uma fonte militar disse à AFP que ainda estão em curso combates entre forças governamentais e os insurgentes.

"Abandonados" pelas forças moçambicanas

Os expatriados estrangeiros retidos no hotel "foram completamente abandonados pelas forças de segurança moçambicanas, possivelmente por terem ficado sem munições", referem ainda as fontes de segurança ao jornal digital sul-africano Daily Maverick.

Contactado pela Lusa, o porta-voz do Ministério da Cooperação e Relações Internacionais sul-africano, Lunga Ngqengelele, não precisou até ao momento o número de sul-africanos afetados pelo recente ataque armado na cidade moçambicana de Palma.

Todavia, em declarações à imprensa sul-africana, o porta-voz ministerial confirmou que o Governo sul-africano está a acompanhar "alguns sul-africanos que se encontram nessa situação em Moçambique".   

"Através da nossa missão diplomática em Maputo estamos a prestar serviços consulares, incluindo encontrar formas de os ajudar a regressar a casa, para aqueles que precisam de regressar a casa", adiantou Lunga Ngqengelele ao jornal Daily Maverick.

Cidadão português entre os feridos

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal confirmou hoje a existência de um cidadão português ferido na operação de resgate, procurando agora identificar outros portugueses para prestar apoio.

Em resposta à agência Lusa, o ministério explica que o português foi retirado da península de Afungi para receber tratamento médico adicional e que "a embaixada em Maputo está a acompanhar a situação e a procurar identificar outros portugueses no local para prestar acompanhamento e apoio".

O ferido terá sido encaminhado a Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, 250 quilómetros a sul, por via aérea, a partir do aeródromo do recinto do projeto de gás natural, na península de Afungi, para onde foi resgatado juntamente com outras pessoas, segundo a Lusa.

(Artigo atualizado às 13:40  do Tempo Universal Coordenado)