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UE e África discutem novas oportunidades de cooperação em várias áreas

Glória Sousa / Lusa2 de abril de 2014

A IV Cimeira UE-África começou na tarde desta quarta-feira (02.04), em Bruxelas, com a presença de mais de 60 chefes de Estado e Governo, nomeadamente dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

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Foto: Reuters

Os participantes na cimeira de dois dias UE-África irão discutir as novas oportunidades de cooperação nas áreas económicas, das migrações, sobretudo imigração ilegal, e emprego jovem.

O tema do encontro é "Investir nas pessoas, na prosperidade e na paz" e pretende desenvolver a estratégia comum adotada há sete anos, na cimeira realizada na capital portuguesa, Lisboa.

Atualmente, cerca de um terço do comércio de África já é efetuado com a União Europeia (UE) e as trocas comerciais entre os dois blocos aumentaram cerca de 45% entre 2007 e 2012. A União Europeia é o primeiro fornecedor das importações africanas, 34% do total.

O bloco comunitário tem um défice de mais de 15 mil milhões de euros na balança comercial com o continente africano. Ainda assim o défice reduziu em mais de metade de 2012 para 2013, segundo o Eurostat, o órgão de estatísticas da União Europeia.

No continente africano, Angola é o quinto país que mais exporta para o espaço comunitário.

No entanto, o chefe da diplomacia angolana, Georges Chikoti, não tem grandes expetativas em relação à IV Cimeira União Europeia - África (02. e 03 de abril): "A maior parte dos países africanos não conta com muita coisa."

Para o ministro dos Negócios Estrangeiros angolano "a cimeira foi agendada, reuniões estatutárias têm sido realizadas desde há algum tempo e eu não espero que haja necessariamente coisas novas".

Angola está representada na Cimeira pelo vice-presidente da República, Manuel Vicente.

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Mais otimista motra-se contudo a Presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf: “Penso que esta cimeira será uma oportunidade para discutir o reforço das parcerias entre a Europa e África assim como para o relançamento de alguns temas que, se calhar, ainda não mereceram muita atenção”.

Ainda na terça-feira (01.04), no Fórum Empresarial UE-África, que antecedeu o encontro, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, defendeu os Acordos de Parceria Económica entre os dois blocos para desenvolver um clima económico e de negócios. Durão Barroso teve também um encontro com os líderes africanos lusófonos.

O Presidente de Cabo Verde, antes de partir para Bruxelas, afirmou contudo que as parcerias com África devem ser "mais igualitárias e justas".

Jorge Carlos Fonseca lembrou que além da Europa, a África desenvolve relações com outros blocos complementares: “Discutimos acordos de parceria económica com a Europa, mas, ao mesmo tempo assistimos reuniões do Japão com países africanos e existe uma presença cada vez mais forte e crescente da China em África, um assunto que tem de ser bem gerido”.

George Chikoti
George Chikoti, ministro dos Negócios Estrangeiros de AngolaFoto: dapd

A esperança da ONU

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas também participa na IV Cimeira UE-África. Segundo Ban Ki-moon, o encontro, que reúne cerca de 20 chefes de Estado e de Governo da União Europeia e mais de 40 do continente africano, constitui uma oportunidade para mobilizar uma vontade política construtiva.

No final da cimeira serão adotados uma declaração política conjunta que vai abranger vários temas relativos às relações entre União Europeia e África e um documento sobre as modalidades da cooperação para os próximos três anos.

Ellen Johnson Sirleaf
Ellen Johnson Sirleaf, Presidente da LibériaFoto: Getty Images

Esta será a quarta cimeira entre os blocos europeu e africano, depois das realizadas em 2000, no Cairo, em 2007, em Lisboa, e em 2010, em Tripoli, na Líbia.

Exportações de Angola para a UE

As trocas comerciais entre Angola e a União Europeia são favoráveis ao país africano em mais de 3,1 mil milhões de euros, com o volume do comércio a ultrapassar os 14,2 mil milhões de euros.

De acordo com os dados do Eurostat, nos primeiros onze meses do ano passado Angola exportou produtos e serviços no valor de quase 8,8 mil milhões de euros, tendo comprado aos países europeus o equivalente a 5,6 mil milhões, o que resulta num excedente da balança comercial de 3,175 mil milhões de euros.

O défice de São Tomé e Príncipe

Galerie Anbau und Verarbeitung von Kakao in São Tomé
Um dos produtos de exportação de STP para a Europa é o cacauFoto: DW/R. Graça

São Tomé e Príncipe tem um défice da balança comercial com os 28 na ordem dos 50 milhões de euros, tendo tido sempre um resultado negativo nas trocas, pelo menos desde 2008, diz o Eurostat.

O país exportou produtos e serviços no valor de 3,9 milhões de euros, tendo importado o equivalente a 53,7 milhões de euros.

Falando à Lusa, a investigadora em assuntos africanos do Instituto Real de
Relações Internacionais britânico (Chatham House), Elisabete Azevedo-Harman, considera que o principal interesse deste país na cimeira tem a ver com assuntos de segurança marítima e das águas territoriais.

Também o estabelecimento de "parcerias com outros países africanos presentes, e possíveis acordos bilaterais com países europeus, são os grandes interesses de São Tomé e Príncipe, acredita Azevedo-Harman.

Dos PALOP, os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, participam na Cimeira os Presidentes de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, e de Moçambique, Armando Guebuza, o primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Gabriel Costa, e o vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente. A Guiné-Bissau não foi convidada, porque a UE não reconhece o atual Governo, saído do golpe de Estado de abril de 2012.

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