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Sequestradores na Argélia querem troca de reféns e retaliação à França no Mali

18 de janeiro de 2013

Islamitas que invadiram fábrica de gás querem libertação de dois militantes presos nos EUA, enquanto forças argelinas atacam unidade para libertar centenas de cativos. Fim da ofensiva permanece incerto.

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A fábrica de gás na Argélia ainda é palco de sequestro e ofensiva das forças de segurança do país, no rescaldo das violências no Mali
A fábrica de gás na Argélia ainda é palco de sequestro e ofensiva das forças de segurança do país, no rescaldo das violências no MaliFoto: picture alliance / dpa

Sequestradores na Argélia, ligados à rede terrorista internacional Al Qaeda, disseram que querem trocar reféns norte-americanos por dois militantes presos nos Estados Unidos, segundo relato da agência noticiosa ANI, da Mauritânia. Os militantes detidos nos EUA seriam o paquistanês Aafia Siddiqui e o egípcio Omar Abdel-Rahman, conhecido como "o xeque cego". A ANI não deu conta de quantos reféns norte-americanos estariam no poder dos sequestradores.

Além disso, 60 reféns estrangeiros ainda estavam desaparecidos nesta sexta-feira (18.01), quase 24 horas depois de um ataque de forças da Argélia à fábrica de gás In Amenas, no deserto, para libertar centenas de cativos, detidos por militantes fundamentalistas islâmicos ligados à rede terrorista Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI) na quarta-feira (16.01).

O ataque argelino, que segundo países ocidentais terá acontecido sem consulta prévia a estas nações, resultou em dezenas de mortos e diferentes líderes mundiais continuam a procurar saber sobre a sorte de seus cidadãos no país do norte africano.

Do lado argelino, de acordo com a agência noticiosa Reuters, o governo deixou claro que é "implacável" com guerrilhas fundamentalistas islâmicas que operam no sul do país, anos depois da guerra civil que, nos anos 1990, resultou na morte de cerca de 200 mil pessoas.

Segundo a agência noticiosa APS, que cita fontes de segurança argelinas, as forças de segurança do país teriam libertado mais de 65 reféns, "incluindo mais da metade dos 132 reféns estrangeiros". Mais 573 operários argelinos foram libertados pelas forças do país africano.

Fonte local citada pela agência noticiosa Reuters disse que a fábrica de gás, nas proximidades da fronteira com a Líbia, ainda está cercada por forças especiais argelinas.

Comandante

Mokhtar Belmokhtar, líder do grupo que reivindicou o sequestro de 41 pessoas na quinta-feira (17.01)
Mokhtar Belmokhtar, líder do grupo que reivindicou o sequestro de 41 pessoas na quinta-feira (17.01)Foto: picture alliance / dpa

Oficiais argelinos afirmaram que o comandante da invasão do campo de gás é Mokhtar Belmokhtar, veterano do Afeganistão nos anos 1980 e da guerra civil argelina nos anos 1990. O grupo liderado por Belmokhtar, que seria um dos líderes mais temidos da AQMI, é denominado "Aqueles que assinam com sangue".

Belmokhtar, porém, parece não ter estado presente durante a ação dos islamitas. Mas, segundo observadores, ele teria "melhorado" o seu status em meio aos islamitas no Saara, cujos armamentos e combatentes seriam sobras do conflito líbio de 2011.

Outro grupo envolvido na tomada da fábrica, segundo a Reuters, é o menos conhecido "Movimento da Juventude Islâmica no Sul".

Números do ataque das forças argelinas

Durante o assalto do Exército da Argélia, trinta reféns, incluindo vários cidadãos de países ocidentais, teriam sido mortos, com pelo menos 18 dos sequestradores, que disseram ter invadido o campo de gás como retaliação pela intervenção militar francesa que visa a combater a dominância de rebeldes fundamentalistas islâmicos no norte do Mali, vizinho da Argélia. Entre os estrangeiros mortos, estariam dois japoneses, dois britânicos e um francês.

Pelas contas das empresas estrangeiras que operam no local, dez japoneses ainda estão desaparecidos. A companhia norueguesa Statoil, que opera o campo de gás Tigantourine com a empresa britânica BP e a companhia estatal petrolífera argelina, disse que oito noruegueses estão desaparecidos.

O premiê britânico, David Cameron, afirmou que menos de 30 cidadãos britânicos estariam correndo riscos enquanto a operação continua. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos afirmaram que alguns cidadãos norte-americanos também estariam entre os estrangeiros com destino ainda desconhecido.

Internacionalização do conflito no Mali

Tanques nas proximidades da fábrica de gás argelina, onde forças de segurança lançaram ofensiva para libertar centenas de cativos
Tanques nas proximidades da fábrica de gás argelina, onde forças de segurança lançaram ofensiva para libertar centenas de cativosFoto: Reuters

De acordo com agências noticiosas, a crise representa uma séria escalada da tensão no noroeste do continente africano. As forças francesas estão no Mali desde a semana passada (11.01). O conflito, de acordo com a Reuters, poderia "devastar a indústria de petróleo da Argélia, país-membro da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), justamente no momento em que o país se recupera da guerra civil".

O primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, disse que o governo da Argélia afirmou que a operação para libertar os reféns ainda estava em curso na manhã desta sexta-feira (18.01). O jornal The New York Times citou um militante islamita dizendo que os movimentos não excluem mais ataques na Argélia.

Por seu lado, a chanceler alemã, Angela Merkel, deverá encontrar o presidente do Benin, Thomas Boni Yayi, na próxima semana, para discutir a operação militar no Mali.

Autora: Renate Krieger/afp/Reuters/dpa
Edição: António Rocha

Atualizado às 15:30h GMT/TUC

Imagem de arquivo mostra o campo de gás Amenas, na Argélia (outubro/2012)
Imagem de arquivo mostra o campo de gás Amenas, na Argélia (outubro/2012)Foto: Reuters
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