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RENAMO: Carta sobre rotura com Manuel de Araújo é "falsa"

6 de fevereiro de 2023

O maior partido da oposição moçambicana rejeita ter emitido uma carta em que supostamente afasta o político Manuel de Araújo. A RENAMO diz que a carta não só é "falsa", como também visa "criar perturbações".

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Foto: Quelimane Municipality

A cidade de Quelimane ficou em alvoroço no fim de semana com uma suposta carta em que a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) retira o seu apoio ao autarca Manuel de Araújo. A carta circulou nas redes sociais e tem sido tema de conversa nos bairros e restaurantes.

Lê-se na carta que a RENAMO não apoiará o edil de Quelimane, Manuel de Araújo, nas eleições autárquicas deste ano e nas provinciais do próximo ano. Mas a carta é falsa, afirma o maior partido da oposição em comunicado.

Segundo o partido, a suposta carta foi forjada para "criar perturbações" entre os membros da RENAMO na autarquia de Quelimane e na província da Zambézia. O documento tinha a assinatura da delegada provincial da RENAMO na Zambézia, Maria Elisa Cipriano. À DW, a delegada confirmou que era a sua assinatura, mas garantiu que não rubricou quaisquer documentos com aquele teor.

Maria Elisa Cipriano não quis gravar entrevista.

Para o historiador Laurindo Verde, a carta pode colocar o autarca numa posição de desconforto, mesmo que seja falsa. "Manuel de Araújo é um indivíduo que está em conflito com os outros partidos e também com o seu próprio partido, a situação da autarquia não está saudável", disse.

Por outro lado, acrescenta Laurindo Verde, o documento pode também ter sido um ensaio para testar a popularidade do edil da RENAMO antes das autárquicas de 11 de outubro. Poderia ser inclusive uma forma de pressionar o partido a apoiar Araújo. 

Comício de Manuel de Araújo na cidade de Quelimane
Manuel de Araújo deixa o seu futuro político "nas mãos" do povo de QuelimaneFoto: DW/M. Mueia

Continuidade depende do povo e da RENAMO

Manuel de Araújo disse há poucos dias à DW que a sua candidatura às autárquicas depende apenas de duas coisas: uma delas é a vontade do povo.

"Eu não estou a pedir para concorrer. Se os munícipes de Quelimane acharem que estão cansados do Araújo, eu vou agradecer, porque aí posso continuar com a minha carreira académica e internacional", disse o político que lidera Quelimane desde 2011.

Mas o outro fator determinante para a candidatura é a vontade da RENAMO, o partido de Araújo, referiu ainda o autarca. "Se o partido [RENAMO] achar que não [me quer como candidato], metam outro. Não tem problema nenhum. Eu até vou apoiar, se necessário".

Não é a primeira vez que há especulações sobre um alegado afastamento entre Manuel de Araújo e a RENAMO. No ano passado, o autarca de Quelimane chegou a ser acusado de trocar a "perdiz" pelo partido Nova Democracia.

Manuel de Araújo disse, na altura, que quem quisesse "saber a verdade" deveria falar com ele. Atualmente, Manuel de Araújo está de viagem e não foi possível entrar em contacto com o edil para obter uma reação ao conteúdo da carta que circula nas redes sociais.

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