"O desenvolvimento em Cabo Delgado não pode parar"
7 de novembro de 2020O embaixador da União Europeia (UE) em Moçambique considera que, apesar das várias crises que a província de Cabo Delgado enfrenta, como o terrorismo, as consequências do ciclone Kenneth e a Covid-19, o desenvolvimento não pode parar.
Para Antônio Sanchez-Benedito Gaspar, é urgente a capacitação e disponibilização de ferramentas para os jovens locais participarem dos projetos de desenvolvimento, particularmente no setor de gás.
"O esforço de desenvolvimento e crescimento económico não pode parar. E eu queria também transmitir uma mensagem de apoio, de esperança e de otimismo para o futuro de Cabo Delgado, sobretudo aos jovens, que são aqueles que têm essa responsabilidade, mas precisam também de obter apoio, serem capacitados e terem ferramentas para poderem desenvolver", considerou o embaixador esta sexta-feira (06.11), ao final da visita que efetuou a esta província durante a última semana.
Como forma de ajudar nesta causa, a União Europeia lançou em Pemba um programa denominado "+Emprego", uma iniciativa que visa oferecer oportunidades de trabalho à juventude na província.
Crescimento económico e oportunidades
Ainda no capítulo de apoio ao desenvolvimento da província que hospeda um dos maiores investimentos do setor energético em África, Sanchez-Benedito auscultou os empresários de Cabo Delgado. O objetivo, segundo o diplomata, era compreender de que forma a UE pode contribuir para favorecer o ambiente de negócios e as oportunidades empresariais e de investimento.
Em Pemba, funciona a partir desta semana a sede da Câmara Europeia de Comércio (EUROCAM). Trata-se da primeira agência do género instalada numa província moçambicana para acompanhar a tendência de crescimento motivado pelos projetos de gás, os quais o representante da UE não tem dúvidas que irão tornar mais robusta a economia do país.
"Eu tenho a convicção que Cabo Delgado vai ser o motor de crescimento económico sustentável de Moçambique. A inauguração deste escritório fora de Maputo traz uma mensagem clara: apostamos em Cabo Delgado, apostamos em Pemba", disse.
Atualmente os investimentos das grandes companhias europeias virados aos diversos setores de atividade no país atingem 40 mil milhões de euros e o representante da UE quer que esse dinheiro se traduza também na criação de oportunidades de emprego para os moçambicanos, mas também de contratos para as empresas nacionais.
"Esse é nosso objetivo de trabalho para fortalecer as relações económicas entre Moçambique e a União Europeia, mas também trabalho para o crescimento económico e sustentável de Moçambique e dos moçambicanos".
Ajuda às vítimas do Kenneth
O ciclone Kenneth fustigou o norte do país em 2019, mas os seus efeitos perduram até aos dias que correm. Várias pessoas que dependiam da pesca, por exemplo, para prover alimento às suas famílias tiveram os barcos e redes arrastados pelo mau tempo.
Para minimizar esse sofrimento dessas famílias, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a EU, em parceria com o Gabinete de Reconstrução Pós-Ciclones, entregaram em Pemba, a 13 associações e 40 pescadores artesanais, materiais de pesca para a criação de auto emprego. Entre os materiais, destacam-se barcos, motores de barco, redes de malhar, anzóis e cordas.
Segundo o representante do PNUD em Moçambique, Francisco Roquette, o apoio visa tirar da vulnerabilidade que o devastador ciclone criou a essas famílias. "Além de receberem kits para o auto emprego sustentável, os grupos mais vulneráveis e afetados por desastres naturais estão a ser auxiliados com atividades que geram renda, trabalhos temporários em diferentes modalidades como reabilitação das infraestruturas comunitárias".
Por seu turno, o chefe da diplomacia europeia vincou o comprometimento da sua organização no apoio aos diversos programas em curso ao nível da província de Cabo Delgado: "Vamos continuar juntos a trabalhar na assistência humanitária, na criação de oportunidade com as associações, com as famílias, com o setor privado alinhados com a estratégia do Governo e com os nossos parceiros, como o PNUD, a produzir resultados concretos".