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No Níger, aumento da população é uma das principais causas da pobreza

27 de outubro de 2011

No dia 31 de outubro, as Nações Unidas esperam o nascimento do cidadão mundial de número 7 mil milhões. Ele poderia nascer no Níger, o país com a maior taxa de crescimento populacional do mundo.

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Souweba, que vive na região de Maradi (Níger), poderia ser a mãe do cidadão mundial de número 7 mil milhões
Souweba, que vive na região de Maradi (Níger), poderia ser a mãe do cidadão mundial de número 7 mil milhõesFoto: DW

Segundo os estudiosos de estatística da ONU, é alta a probabilidade de o bebê de número 7.000.000.000 nascer no Estado ocidental africano do Níger, o país com a maior taxa de crescimento populacional do mundo.

O bebê poderia vir da família de Souley Adam, cuja primeira esposa Souweba – ele tem duas e oito filhos – espera uma criança para daqui a pouco tempo. Será o nono filho de Souley Adam, o sexto de Souweba. Souley Adam vive com a família de onze pessoas no vilarejo de Soumarana, na região de Maradi, no sul do Níger – a zona mais populosa do país.

Muitos dos habitantes da densamente populada região de Maradi vivem da agricultura de subsistência
Muitos dos habitantes da densamente populada região de Maradi vivem da agricultura de subsistênciaFoto: DW

Em vez de bênção, aumento da família se torna problema

Para muitas famílias, o crescimento populacional é muito mais um problema do que uma bênção. É que, no Níger, o aumento da população é uma das principais causas da pobreza. Quanto maior a família, menos há para comer.

Soulay Adam diz que vive com medo de não conseguir comida suficiente para a família: "No momento, está realmente difícil. Porque a vida é de um jeito num dia e muda completamente no outro. Num dia, acho o suficiente para alimentar a família. No outro, luto muito para achar alguma coisa, ou chego de mãos vazias à casa", descreve o pedreiro que trabalha também na construção de poços e que anda com dificuldades de encontrar trabalho.

No Níger, considerado um dos países mais pobres do mundo, 60% da população vivem abaixo da linha de pobreza. A maior parte das pessoas consegue dinheiro na economia de subsistência. Muitos são pequenos agricultores que conseguem produzir apenas o suficiente para a família comer.

A situação é especialmente crítica na região de Maradi – ali, 3 milhões de pessoas acabam se espremendo numa área que perfaz apenas 3% da área total do Níger. E, com o aumento da população, as áreas para a agricultura também acabam ficando menores.

"É praticamente impossível conseguir dinheiro para comer"

Souley Adam (dir.) e a família, para quem ele tem medo de não conseguir comida numa zona com terras cada vez mais escassas
Souley Adam (dir.) e a família, para quem ele tem medo de não conseguir comida numa zona com terras cada vez mais escassasFoto: DW

Talvez o bebê de Souweba, esposa de Souley Adam, seja o cidadão mundial de número 7 mil milhões. Mas a gestante não está preocupada com esse número. Para ajudar o marido, Souweba tenta conseguir um pouco de dinheiro para alimentar as crianças – algo que ela considera praticamente impossível: "Se você não tem o que comer e seu marido chega em casa sem nada, fica difícil. Vendo pães de sorgo para alimentar as crianças, mas não é suficiente porque consigo apenas 30 centavos de euro por dia com isso. E 30 centavos não bastam para alimentar cinco ou seis crianças", relata.

Além das preocupações com a alimentação, há poucas chances para as crianças conseguirem uma boa formação escolar no futuro, já que os pais também não conseguem pagar os estudos dos filhos. O que cria, segundo especialistas, um círculo vicioso, uma vez que os filhos acabam ficando na mesma situação dos pais.

Para isso, contribui o sistema hereditário tradicional do Níger: a terra dos pais fica para os filhos. E, quanto mais filhos forem, menor é a parcela de cada um – de geração em geração.

Por outro lado, muitos pais no Níger esperam conseguir mais prosperidade futura e segurança na terceira idade – tendo filhos. Por isso, cada mãe tem em média oito filhos no país. Segundo projeções demográficas, a população na região de Maradi deverá dobrar nos próximos 17 anos.

Autores: Ali Abdou (Soumarana) / Katrin Herms

Edição: Renate Krieger / António Rocha