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Autoridades desconhecem paradeiro de supostos jornalistas

Nádia Issufo
18 de dezembro de 2018

Polícia moçambicana não tem registo da detenção de nenhum jornalista moçambicano e estrangeiro em Cabo Delgado, como informa o MISA-Moçambique.

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Praca 25 de Setembro, Palma in Cabo Delgado, Mosambik
Foto: privat

Nesta segunda-feira (17.12.), o exército moçambicano terá detido o fotojornalista moçambicano Estácio Valói e três jornalistas estrangeiros, segundo o MISA, o Instituto de Comunicação Social da África Austral, citado pela agência de notícias Lusa.

As quatro pessoas teriam sido detidas a caminho do distrito de Palma, província de Cabo Delgado, durante o exércio das suas funções.

Mas, a Polícia da República de Moçambique, PRM, não confirma nenhuma detenção. Augusto José Guta é porta-voz da Polícia na província e contatada pela DW África na tarde desta terça-feira (18.12.) disse que "não confirmo, porque quando nos chegou a informação pelo MISA-Moçambique dava conta de que uma das pessoas tinha sido detida no comando distrital de Mocímboa da Praia. E fizemos um trabalho junto do comando distrital  de Mocímboa da Praia e não há indicações da detenção do Estácio Valói lá. Neste momento estamos a trabalhar para saber onde ele foi detido".

Mosambik - Polizeisprecher Augusto Jose Guta in Cabo Delgado
Augusto José GutaFoto: DW

Polícia desconhece por enquanto o assunto

Relativamente aos três supostos jornalistas estrangeiros que estariam na companhia do fotojornalista moçambicano, Guta diz também não ter conhecimento algum:

"A informação que tivemos do MISA-Moçambique é de que o Estácio Valói estava preso, não nos foi citado sobre outros jornalistas estrangeiros."Já que a Polícia não tem o registo de detenção dos supostos jornalistas estrangeiros, a DW África contactou o GABINFO, o Gabinete de Informação, órgão que tutela a comunicação social em Moçambique.

Moçambique: Autoridades desconhecem paradeiro de supostos jornalistas

GABINFO não passou acreditação

A sua responsável, Emília Moiane, disse que não houve acreditação nenhuma de jornalistas estrangeiros para cobertura na região em causa. E a diretora do GABINFO explica os procedimentos que devem ser respeitados pelos jornalistas:

"Todo o jornalista, como acontece em toda a parte do mundo, quando vai entrar para um país há mecanismos claros de contacto com o país através de órgão que representa a comunicação social. Para virem a Moçambique todos os jornalistas sabem que é preciso ter uma credencial a partir do GABINFO.

"Entretanto, há também informações (não confirmadas oficialmente) de que não se tratam de jornalistas estrangeiros, mas sim de pesquisadores da Amnistia Internacional, uma ONG internacional de defesa dos direitos humanos. A DW África não conseguiu ainda obter uma confirmação da Amnistia Internacional.

Mosambik Maputo - Emilia Moiane, direktor von GABINFO, Mosambik
Emilia MoianeFoto: F. Momade

 E quem tem dúvidas sobre a profissão dos supostos estrangeiros é a diretora do GABINFO:

"Também não sei se são jornalistas, não tenho nenhuma informação. Acredito que se fossem jornalistas ter-se-iam apresentado, pelo menos em termos de pedido ao Gabinete de Informação."

Norte de Moçambique com frequentes ataques

Recorde-se que Palma e outros distritos vizinhos têm sido palco de frequentes ataques armados de homens desconhecidos há mais de um ano e dois meses. São regiões ricas em recursos naturais, com destaque para o gás natural, e onde operam grandes multinacionais. O interesse dos media internacionais em cobrir os eventos da região aumenta a cada dia. É comum jornalistas estrangeiros fazerem coberturas no país sem estarem devidamente credenciados? pergunta colocada a responsável do GABINFO:

"Podemos ter um e outro caso de jornalistas que possam entrar [no país], mas não chegamos aconsiderar comum. Já tivemos situações [dessas], é verdade, mas nesse caso eu nem sei se se tratam de jornalistas ou não. Então, mesmo as pessoas que fizeram a divulgação inicial falavam de ativistas. Mas acontecem casos, mas não posso considerá-los comuns."

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