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Deputado acusado de mandar sequestrar jovem

Arcénio Sebastião (Beira)10 de dezembro de 2015

Um jovem terá sido raptado por engano em Sofala, a mando de um deputado da RENAMO. Os sequestradores trabalham para uma empresa segurança detida pelo deputado. Sandura Vasco diz que desconhece os pormenores do caso.

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Cidade da Beira, província central de Sofala, MoçambiqueFoto: DW/J. Beck

Manuel Francisco Saene diz que foi raptado por engano por três homens armados que seguiam numa viatura de uma empresa de segurança privada. Os homens tê-lo-iam mantido em cativeiro durante várias horas, até o soltarem a meio da noite.

E ele relata: "Tentei fazer força e eles disseram que eram polícias secretos e perguntei o que queria e eles mandaram-me entar para o carro. [Depois] entrei num quarto muito escuro, onde ninguém conseguia ver outra pessoa. Começaram a fazer perguntas, e aí já mudaram de voz, era uma voz grossa, e então mandaram-me falar a verdade."

Um dos seguranças privados, Soares Faela Huo, confirmou à DW África que as instruções partiram do chefe de operações e do diretor geral da empresa de segurança MAMBA, em que trabalhava: "Isso já percebemos com os chefes na direção. Mas depois notou-se que a pessoa que procurávamos não foi a que prendemos. Não prossegui o caso, a arma não era da empresa de segurança, era dos polícias. Aqui houve interferência de nomes idênticos, mas depois notou-se que a dita pessoa não foi a sequestrada."

O diretor-geral da empresa de segurança privada, Sandura Vasco Ambrósio, é também deputado na Assembleia da República moçambicana pela bancada parlamentar da RENAMO. Após várias tentativas de contacto, Ambrósio disse desconhecer pormenores sobre o caso, remetendo o assunto para a Polícia de Investigação Criminal (PIC) na província de Sofala: "Não sei deste assunto, que eu saiba este caso está nas instâncias superiores. Agora, sobre este assunto não posso abordar nada porque o caso está lá para se confirmar."

Polícia nega que seja caso de sequestro

Mosambik Polizei umstellt Haus von Afonso Dhlakama
Agentes da polícia na cidade da BeiraFoto: DW/A. Sebastiao

A PIC confirmou que foi instaurado um processo-crime contra a direção da empresa e os agentes de segurança privada. Mas sublinhou que este não é um caso de sequestro, ao contrário do que diz a vítima. Segundo as autoridades, este trata-se, antes, de um caso de ofensas corporais e difamação.

O processo já terá dado entrada no Ministério Público, que, entretanto, sugeriu a detenção dos acusados. Artur Bambo, agente da Polícia de Investigação Criminal, anunciou, de antemão, que deverão ser realizadas buscas nos próximos dias. O advogado da vítima, Isac Tomo, acusa a Polícia de Investigação Criminal de falta de vontade para concluir o processo.

O advogado argumenta que "em relação à tipificação do crime, isto é muito relevante. O que é mais relevante é que o agente não queria capitular, ou por outra, não quer fazer a acareação."

E Bambo prossegue: "Segundo o que me informou, quando estive com ele, é que falta apenas a acareação, e isto é importante neste tipo de processo. Pedi para marcar a acareação e ele concordou, mas nunca marcou a acareação. Aliás, quando marca isso, sempre inventa histórias [não aparece]. O que quero é que ele marque a acareação e que eu esteja lá junto com o meu constituinte, onde vamos ouvir contra-factos. Só que hoje ele não está a facilitar, ele conhece a empresa, conhece os arguidos."

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