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Camponeses relatam intensos tiroteios nas matas de Macomia

Lusa
23 de maio de 2024

População de Macomia, na província moçambicana de Cabo Delgado, relatou hoje intensos tiroteios e medo nas matas do posto administrativo de Mucojo, a 40 quilómetros da sede do distrito, atacada há duas semanas.

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Mozambik Macomia
Foto: DW

A situação afeta sobretudo os camponeses das zonas de produção de Nambine e Namigure, a pouco mais de 10 quilómetros de Mucojo, que desde a invasão por cerca de uma centena de insurgentes à vila sede de Macomia têm acompanhado diariamente tiroteios naquelas matas.

"Não está fácil, todos os dias nós acompanhamos tiroteios, na zona de Mucojo. Não tenho sacos para ensacar de forma rápida o milho, não sei se vou conseguir tirar todo ele", descreveu à Lusa Dorteia Jerónimo, 40 anos, camponesa e mãe de quatro filhos.

Os populares desconhecem a origem dos intensos e contínuos tiroteios, mas receiam ter de abandonar o campo. "É uma possibilidade, estamos com medo, as pessoas, não sabem se são as nossas Forças de Defesa e Segurança ou se são os rebeldes, o certo é que houve se quase todos os dias tiroteios, lá em Mucojo", disse outro camponês.

O posto administrativo de Mucojo, em Macomia, é uma zona considerada de capital importância para o distrito e para a província de Cabo Delgado, dada a potencialidade económica caraterizada sobretudo pela pesca.

Aumento do número de deslocados

O ataque de grupos insurgentes à vila de Macomia, um dos maiores dos últimos meses no norte de Moçambique, palco de uma insurgência armada, provocou de 10 a 14 de maio quase 1.500 deslocados, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), além de relatos da população sobre saque e pilhagem de lojas e outras ONG.

Há dificuldades em dar assistência humanitária aos deslocados em Cabo Delgado
Há dificuldades em dar assistência humanitária aos deslocados em Cabo DelgadoFoto: ALFREDO ZUNIGA/AFP/Getty Images

Segundo o mais recente relatório daquela agência do sistema das Nações Unidas, os "ataques e receios de ataques" por parte destes grupos armados levaram à fuga de mais de 530 famílias de Macomia, totalizando 1.461 pessoas registadas pela OIM nos locais de destino, sendo mais de metade (57%) crianças.

A Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou na quarta-feira que as instalações daquela Organização Não-Governamental (ONG) em Macomia foram "saqueadas" durante o ataque terrorista à vila em 10 de maio, levando à suspensão das atividades locais.

"Durante o ataque, as instalações de MSF foram saqueadas. Todos os profissionais de MSF encontram-se em segurança. No entanto, medicamentos, equipamentos médicos e carros foram roubados", refere a ONG em comunicado.

Acrescenta que "o ataque forçou a organização a suspender" todas as suas atividades em Macomia.

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