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Polícia acusa pescadores de irem juntar-se a insurgentes

Sitoi Lutxeque (Nampula)
20 de agosto de 2018

Polícia acredita que pescadores foram recrutados para se juntarem aos grupos de insurgentes que têm atacado Cabo Delgado. Pescadores negam acusações e afirmam que apenas seguiam numa missão da atividade pesqueira.

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Cenário de destruição em Macomia depois de ataques no distrito de MacomiaFoto: Privat

Segundo Joaquim Sive, o comandante provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Cabo Delgado, os indivíduos haviam sido aliciados, alegadamente, para atividade de pesca em Cabo Delgado, quando, na verdade estariam a ser recrutados para ingressar num grupo de desconhecidos que tem causado morte e desestabilização naquela província desde outubro do ano passado.

"Algumas pessoas têm aliciado jovens, alegadamente, para irem a Cabo Delgado para trabalhar na pesca ou para desenvolver outra atividade. Mas, na verdade, o que eles não sabem é que, chegados lá, são orientados para outros locais. Os objetivos pelos quais são levados para lá são outros. A intenção desses que levam os nossos irmãos daqui [Nampula] para Cabo Delgado é outra", disse o comandante da polícia.

Bildergalerie Pemba
Mocímboa da Praia é uma das vilas afetadas pela violência dos insurgentesFoto: DW/G. Sousa

Entretanto, no último domingo (19.08), as brigadas da polícia em Cabo Delgado e de Nampula deslocaram-se à localidade de Geba, no distrito de Memba, para levarem de volta os pescadores, uma vez que, de acordo com as autoridades, ainda não tinham cometido nenhum tipo de crime.

Tentativa de recrutamento?

O comandante Joaquim Sive deixa claro de que a sua corporação não vai vergar face aos atos de criminalidade e desordem nas províncias vizinhas.

"Temos de estar sempre atentos, porque há pessoas que vêm para cá convidar indivíduos para irem a Cabo Delgado, mas não para aquilo que eles prometem oferecer. Provavelmente estes que aqui estão não regressariam. Temos de saber quem os anda a contactar'', afirmou Joaquim Sive.

Joaquim Sive , Polizeikommandant von Cabo Delegado in Mosambik
Joaquim SiveFoto: DW/S. Lutxeque

Por seu turno, os pescadores desqualificam as afirmações da polícia e reiteram que seguiam para cabo Delgado com o único objetivo de pescar. Varera Ceta é um deles.

"Seguíamos para a pesca, mas a nossa embarcação avariou em Pangane [região de Cabo Delgado] e a polícia levou-nos para [o distrito de] Moeda e devolveram-nos para Nampula. Temos documentos que autorizam a nossa atividade pesqueira, que apresentamos em todos sítios e fomos reconhecidos. Não fomos recrutados por ninguém'', disse.

Esta não a primeira vez que a polícia frustra uma suposta tentativa de recrutamento de pessoas de Nampula para Cabo Delgado desde que começaram os ataques a civis naquela província moçambicana. Recorde-se que, no início de junho deste ano, a polícia em Nampula deteve cerca de 40 cidadãos, nacionais e estrangeiros, que alegadamente seguiam viagem para o distrito de Palma, para se juntarem a outros elementos que têm semeado o terror e o luto em Cabo Delgado.

Ataques continuam envolvidos em mistérioAs povoações remotas da província de Cabo Delgado, têm sido saqueadas com violênciapor desconhecidos desde outubro de 2017, provocando um número indeterminado de mortos e deslocados.

Cabo Delgado: Polícia acusa pescadores de irem juntar-se a insurgentes

Os grupos que têm atacado as aldeias nunca fizeram nenhuma reivindicação nem deram a conhecer as suas intenções, mas investigadores sugerem que a violência estará ligada a redes de tráfico de heroína, marfim, rubis e madeira. Os ataques acontecem numa altura em que avançam osinvestimentos de companhias petrolíferas em gás natural na região, mas sem que até agora tenham entrado no perímetro reservado aos empreendimentos.