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Angolanos temem danos psicológicos do confinamento social

22 de abril de 2020

Angolanos confinados em casa queixam-se das novas rotinas. Especialistas alertam que isolamento social pode causar danos psicológicos e deixam conselhos para proteção da saúde mental. No país há 24 casos e duas mortes.

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Alguns angolanos continuam a ter de percorrer as ruas de Luanda em busca de sustentoFoto: DW/M. Luamba

O avanço da Covid-19 em Angola levaram ao prolongamento do estado de emergência até 25 de abril. Com as medidas, as pessoas estão em isolamento há quase um mês, o que segundo psicólogos pode representar danos para a saúde mental dos angolanos.

A rotina de isolamento requer mais atenção da população, por isso os especialistas alertam e orientam a população para essa nova fase de convivência com o novo coronavírus.

Angola: "Estado de emergência não corresponde à realidade"

Miguel Fernando, residente em Luanda, queixa-se do isolamento e da nova rotina, que já está a causar cansaço. "Até certo modo é entediante tendo em conta que estamos acostumados com a nossa rotina normal de vida. Não há sustentabilidade para que as pessoas consigam manter-se em casa", afirma o morador.

Maria Hebo, outra moradora da capital angolana, também teme eventuais danos psicológicos por causa do confinamento social. "Infelizmente sinto isso todos os dias porque eu sinto uma vontade enorme de sair. A minha rotina não era essa, sinto-me muito limitada. Todos os dias acordar, fazer as mesmas coisas, nada diferente. É entediante estar em casa", conta.

Os danos psicológicos do confinamento

Muitos cidadãos interrogam-se se o confinamento social pode prejudicar a saúde mental dos angolanos. O psicólogo Marcos Pinto não tem dúvidas quanto a esta questão. "Visto que o indivíduo tinha uma rotina habitual hoje está confinado a um único espaço acaba desenvolvimento, muitas das vezes, stress, ou mesmo pode por acabar a desenvolver uma depressão", explica.

Dados disponibilizados em 2018 pelo Programa de Saúde Mental em Angola indicam que foram registados nos últimos quatro anos cerca de 60 mil casos de doenças mentais, afetando sobretudo adolescentes e jovens.

Dicas para sobreviver ao isolamento

Sem uma perspectiva de vacina ou remédios eficazes para o tratamento da doença, o distanciamento social e os períodos de quarentena podem passar a fazer parte da rotina das pessoas.

Como se pode, então, preservar a saúde mental dos angolanos enquanto vigorar o confinamento social? O psicólogo Marcos Pinto deixa algumas dicas para ultrapassar essa fase. "Aconselho as famílias ou o indivíduo a ter pensamentos positivos, cuidar da sua saúde espiritual. Leiam livros e façam exercícios físicos em casa", propõe.

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Estradas de Luanda mais vazias com o confinamento socialFoto: DW/M. Luamba

Também a socióloga Marlene Messele deixa conselhos aos cidadãos obrigados a ficar em casa por causa do estado de emergência que visa conter a propagação comunitária do novo coronavírus.

"Para que as pessoas continuem a controlar as medidas da Covid-19, é necessário não se deixar arrastar pela tendência de depressão ou ansiedade. E por estarem a viver uma situação que não estão acostumados é necessário encarar como um momento passageiro", orienta a psicóloga angolana.

Enquanto alguns cidadãos observam as regras e as medidas de segurança contra este "inimigo invisível", outros continuam a ter de percorrer as ruas de Luanda em busca do ganha-pão, como é o caso dos angolanos que transportam bens com os seus carros de mão.

Avanços da doença

Apesar das rígidas medidas de isolamento, os números continuam a crescer ao longo dos dias. Em Angola, foram registados até agora 24 casos de Covid-19, além de duas mortes. Os testes realizam-se apenas em situações suspeitas, já que num universo de mais de 32 milhões de habitantes, só 1.154 pessoas foram testadas.

Ao todo, em África foram registados até agora 24.686 casos em 52 países e territórios, com 1.191 mortes e 6.425 pessoas recuperadas da doença no continente.

No mundo, há 2.565.059 infeções registadas em pelos menos 187 países e territórios, com 177.496 mortes confirmada, a maioria das quais nos EUA.