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Angola e Brasil aumentam despesas com armamento em 2010

20 de abril de 2011

Angola e Brasil estão entre os países que gastaram mais dinheiro no setor militar em 2010, segundo o SIPRI. O crescimento económico e o desejo de aumentar a área de influência estarão entre as causas para as despesas.

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Segundo um especialista do SIPRI, em África, quando há mais dinheiro nos cofres do governo, há tendência para investir mais no setor militar
Segundo um especialista do SIPRI, em África, quando há mais dinheiro nos cofres do governo, há tendência para investir mais no setor militarFoto: picture-alliance/dpa

De acordo com o relatório do Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês), África e a América Latina destacam-se pela subida nos gastos militares.

No continente africano, as despesas no setor aumentaram 5,2% em relação a 2009 - um crescimento dominado por Angola: mais 19% em termos reais do que em 2009, ou seja, uma subida de 600 milhões de dólares.

De acordo com Olawale Ismaile, especialista para África do SIPRI, o aumento em gastos militares está relacionado com o crescimento económico do país. Angola "é uma das economias de crescimento mais rápido em África", refere Ismaile. Principalmente, devido ao investimento estrangeiro, relacionado com a exploração e as receitas da venda de petróleo.

Petróleo contribuiu em grande parte para o crescimento "massivo" da economia angolana
Petróleo contribuiu em grande parte para o crescimento "massivo" da economia angolanaFoto: AP

"A economia angolana está em crescimento massivo", diz o especialista. Mas "temos de ter cuidado ao atribuir o crescimento económico apenas ao petróleo. O petróleo tem uma grande importância, mas a economia angolana [em geral] também cresceu".

O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que, ainda este ano, a economia angolana cresça 7,8%. No próximo ano, o crescimento deverá atingir os dois dígitos.

A subida do preço do barril de petróleo nos últimos anos, tal como o aumento do volume de exploração, reflete-se ao nível das receitas do Estado de Angola, o que, por sua vez, possibilita maiores gastos militares num país em que os conflitos deram tréguas em 2002.

Para Olawale Ismaile, o investimento no setor militar representa para Angola um fator de estabilidade. De acordo com o especialista do SIPRI, esta é uma área importante na política e na governação em África – "Por isso, normalmente quando há mais dinheiro nos cofres do governo, há a tendência para se investir mais no setor militar", refere.

Brasil lidera gastos militares na América Latina

Brasil tenta posicionar-se com "maior peso" a nível mundial, pelo menos desde a administração de Lula da Silva, diz Carina Solmirano, do SIPRI
Brasil tenta posicionar-se com "maior peso" a nível mundial, pelo menos desde a administração de Lula da Silva, diz Carina Solmirano, do SIPRIFoto: AP

São também motivos geopolíticos que explicam, em parte, o aumento das despesas por parte do Brasil, o líder em gastos militares na América Latina, sendo responsável por aproximadamente 2,4 dos 3 mil milhões dispendidos no ano passado em toda a região – o que representa um acréscimo de 9,3%.

Carina Solmirano, responsável pela América Latina no relatório do SIPRI, diz que, há já alguns anos, o Brasil se tenta posicionar a nível global com "maior peso", pelo menos desde a administração do presidente Lula da Silva.

"O Brasil é hoje um poder regional, uma economia muito forte que cresceu constantemente na última década", lembra Solmirano. "É um país que tem uma presença internacional importante em termos de contribuições para operações de paz ou através da sua participação em grupos económicos como o G20".

Segundo Carina Solmirano, com o reforço militar, o Brasil pretende proteger as reservas de petróleo descobertas no mar, motivo que terá desencadeado o interesse de aquisição, em 2008, de cinco submarinos, um deles de propulsão nuclear.

Em termos globais, os gastos com o setor militar em 2010 aumentaram em todo o mundo em relação ao ano anterior. Os EUA lideram a tabela dos que mais gastam, com 482 mil milhões de dólares norte-americanos.

Autor: Glória Sousa/Guilherme Correia da Silva

Revisão: Marta Barroso