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Moçambique: Polícia continua a deter jornalistas

Lusa | cvt
16 de junho de 2020

MISA-Moçambique denuncia a detenção ilegal e confiscação de material de trabalho de dois jornalistas na província de Inhambane, sul do país. Profissionais já estão em liberdade.

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Foto: DW/Sitoi Lutxeque

Paulino Vilankulo e Yassin Vilankulo, da estação online Vilankulo Televisão (VTV), foram detidos ilegalmente quando reportavam um acidente de viação naquele distrito, na passada sexta-feira (12.06), segundo uma nota distribuída esta terça-feira (16.06) pelo Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA) em Moçambique.

De acordo com a organização de defesa da liberdade de imprensa, os dois jornalistas foram levados para o comando provincial local, onde terão sido "molestados e obrigados a apagar todas as imagens e gravações que continham nos aparelhos".

"Os jornalistas suspeitam que a polícia já estivesse à procura de uma oportunidade para os deter, tendo em conta que aquela televisão nunca foi bem vista pela polícia, desde que iniciou as emissões", acrescenta a nota.

Segundo a organização, o comandante distrital da Polícia da República de moçambique (PRM) em Vilankulo, Carlos Nhaca, reconheceu o "erro cometido", mas disse que os jornalistas não foram molestados e negou que os agentes tenham recorrido à violência.

"Face ao sucedido, o MISA-Moçambique condena com veemência o comportamento da PRM e apela às autoridades policiais para investigarem e responsabilizarem os autores pelos maus tratos, confiscação e destruição dos materiais jornalísticos em causa", concluiu a organização.

Dois casos em uma semana

Este é o segundo caso de detenções de jornalistas neste mês no país, ambos aconteceram na mesma semana. 

A 8 de junho, Arcénio Sebastião, correspondente da DW, e o jornalista freelancer Jorge Malangaze foram detidos, acusados pelo Gabinete de Combate a Corrupção Provincial de terem recebido subornos para não publicarem uma matéria relacionada à violação das regras do estado de emergência num estabelecimento hoteleiro em Sofala, centro de Moçambique.

Os dois jornalistas de Sofala seriam restituídos à liberdade no dia 10 de junho, depois de o tribunal local entender que eles não chegaram a levar o dinheiro e que não há elementos de prova sobre a alegada chantagem ao proprietário do estabelecimento, Manuel Ramissane, deputado do partido no poder (FRELIMO).

Pandemia tornou-se justificação para atacar jornalistas