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Morreu a ativista moçambicana Alice Mabota

DW (Deutsche Welle) | Lusa
12 de outubro de 2023

A ativista moçambicana dos direitos humanos Alice Mabota morreu esta quinta-feira (12.10) vítima de doença, na África do Sul.

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Alice Mabota
Foto: Roberto Paquete/DW

Uma fonte familiar disse nesta quinta-feira (12.10): "Confirmo, sim, que ela [Alice Mabota] deixou-nos", confirmando informações que circulam nas redes sociais sobre a morte da ativista, aos 74 anos.

A defensora dos direitos humanos encontrava-se internada num hospital na África do Sul.

Alice Mabota foi fundadora e presidente da Liga dos Direitos Humanos (LDH), a primeira organização independente neste domínio em Moçambique, e destacou-se como uma crítica e denunciante feroz dos abusos dos direitos humanos cometidos por entidades estatais, principalmente pelas forças policiais.

A ativista chegou a ser processada criminalmente pela organização da qual é fundadora. A queixa-crime, remetida em finais de março de 2018 ao Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) de Maputo, acusava Mabota de irregularidades, como a má gestão e pagamento fraudulento e ilícito de imóveis para os seus familiares. Em causa, estavam muitos milhões de meticais.

Falando à DW África, Alice Mabote disse que havia uma intenção de "manchar o seu nome" e que preferia aguardar pela justiça. A fundadora da organização estava confiante que sairia "limpa" do caso.

"Quem está a fazer bem é comentado, as pessoas que não estão a fazer nada não veem a superfície. O que devo garantir é que com o tempo a justiça dirá alguma coisa. Eu aguardo que seja chamada para responder. Podem apagar com tudo, mas eu vou continuar", disse na altura.

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Alice Mabota era conhecida também por denunciar as irregularidades cometidas pela políciaFoto: Roberto Paquete/DW

A Presidência era uma ambição

Também teve uma incursão na política, tendo tentado concorrer à Presidência da República nas eleições gerais de 2019 através da Coligação Aliança Democrática (CAD), mas sem sucesso, uma vez que a sua candidatura foi rejeitada por erros processuais.

Na altura, Alice Mabota diz à DW África que se tratava de uma rejeição "administrativa e política" e não técnica, porque todas as assinaturas que suportaram a candidatura foram reconhecidas pelos serviços de notariado do país.

Uma mulher de armas, nunca desistiu: "Vou continuar a lutar até conseguir o que eu pretendo que o Estado seja, porque eu não me candidatei para ter o cargo como tal. Quero imprimir uma dinâmica de mudanças neste país e vou conseguir".   

A última aparição pública de Alice Mabota foi como advogada de defesa de um dos funcionários de uma casa de câmbios acusada pela justiça moçambicana de ter sido usada como veículo para a lavagem de dinheiro do escândalo das dívidas ocultas.

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