António Bauaze denunciou a ausência de líder no partido RENAMO onde milita há vários anos e acrescentou que ele e outros membros passaram por situações de perseguição e prisão por falta de líder do partido.
Bauaze e outros quatro arguidos, incluindo Sandura Ambrósio, antigo deputado da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), foram ontem (08/09), foram condenados a cinco anos de prisão com pena suspensa pelo tribunal judicial de Dondo, província de Sofala, centro de Moçambique. O tribunal deu por provado serem apoiantes da autoproclamada junta militar deMariano Nhongo, dissidente da RENAMO.
À saída do tribunal, Bauaze teceu considerações que incomodaram a liderança da RENAMO. "Eu quero ainda aqui dizer de viva voz que nós, os membros da RENAMO, estamos a passar por esta situação porque o partido não tem presidente, o partido ficou órfão de líder", disse.
RENAMO reitera que líder é Ossufo Mamade
Esta quarta-feira, em Maputo, o secretário-geral da RENAMO, André Madjibiri desvalorizou a acusação de ausência de líder no partido e lembrou que: "gostaríamos de recorda-lo aqui e agora quem em Janeiro de 2019, na Serra da Gorongosa, realizou-se o sexto congresso do partido RENAMO, onde foi eleito presidente do partido o general Ossufo Momade. Portanto, o presidente do partido RENAMO chama se Ossufo Momade", enfatizou.
O número dois da RENAMO não comentou os pormenores da sentença, mas assegurou que "nós como partido respeitamos as decisões do tribunal. Tanto que não fomos nós como partido a parte acusatória neste processo".
Por seu lado, o porta-voz do partido Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Sande Carmona, prefere não comentar, remetendo-se às palavras de Bauaze. "Não quero acreditar que existe uma outra pessoa que possa produzir uma outra verdade. Portanto, se é o que o arguido disse, ele lá sabe porque disse e como disse. Ele é que está a viver a situação".
Condenados eram da RENAMO ou do MDM?
Sobre a decisão do tribunal de Dondo, que condenou os cinco arguidos, Sande diz que se requer- um olhar atento, mas que há que dar mérito às instituições de administração da justiça. "Os tribunais é que têm as ferramentas adequadas para fazer o julgamento. Queremos acreditar que tenha proferido essas penas de acordo com as ferramentas têm. Agora, essas ferramentas que eles buscaram para produzir uma sentença é que têm que ser olhadas. Não quero acreditar que não estejam ao alcance do público".
Até à data da sua detenção os arguidos Sandura Ambrósio e António Bauaze pretendiam abandonar a RENAMO para aderir ao MDM. Foi em nome deste último partido que concorreram à Assembleia Provincial e à Assembleia da República. Mas o MDM recusou esclarecer se chegaram a ser aceites como membros. "O MDM é um partido aberto a receber qualquer um, não importa donde é que vem. O que importa é que sejam ajustados com os interesses o MDM, com a luta do MDM, que abraçem a causa do MDM", disse.
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Parque Nacional da Gorongosa: uma história de sucesso
Só, nunca mais
O Parque Nacional da Gorongosa tem uma história turbulenta. Até há uns anos, este leão poderia sentir-se solitário, mas entretanto a população de leões cresceu. Hoje o parque tem uma área de mais de 4.000 quilómetros quadrados, com uma zona tampão adicional de 3.300 quilómetros quadrados. Uma relíquia num país de 25 milhões de habitantes.
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Paisagem de perder de vista
O parque está localizado no extremo sul do Grande Vale do Rift, que vai desde a Etiópia, Quénia e Tanzânia, antes de terminar em Moçambique. Esta característica geológica única cria um enorme vale cercado de planaltos. No geral, cerca de dois terços do vale são constituídos por savana, 20% são pastagens e o restante é área de floresta.
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Memória de elefante
Embora parte da área do parque tenha sido reservada para zona privada de caça, em 1920, as autoridades coloniais portuguesas criaram o parque nacional até 1960. Depois da guerra de libertação, Moçambique tornou-se independente em 1975. Seguiu-se a guerra civil que terminou em 1992. Alguns elefantes mais velhos estão ainda traumatizados pelo conflito.
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Dias sombrios do parque
Em 1977, dois anos depois da independência, Moçambique mergulhou numa violenta guerra civil. O parque foi duramente afetado. A Resistência Nacional Moçambicana instalou o seu comando central numa zona do parque. As duas partes em conflito dizimaram animais para alimentação e tráfico de marfim, para financiar a guerra. Em 1983, o parque foi encerrado e abandonado.
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O regresso a casa
Depois da guerra civil ter terminado em 1992, o parque permaneceu fechado. Estima-se que entre 90% e 95% da vida selvagem do parque se tenha perdido. Dados daquela altura apontam para apenas 15 búfalos, 5 zebras, 6 leões, 100 hipopótamos e 300 elefantes. Os primeiros animais a regressar foram aves. Hoje, o parque alberga mais de 400 espécies.
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Clima especial para circunstâncias especiais
Devido à sua topografia, o parque tem vários microclimas e um ciclo anual de estações húmidas e secas, o que contribui para a sua diversidade. Num esforço para revitalizar o parque, foram contratados novos funcionários, em 1994, com o apoio do Banco Africano de Desenvolvimento e da União Europeia. Lentamente, o espaço estava a recuperar, mas às vezes a natureza precisa de uma mão amiga.
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Esforços de todas as partes
Em 2004, a Fundação Carr, com sede nos Estados Unidos, aliou-se ao Governo de Moçambique num projeto para reconstruir o parque e reintroduzir animais. Um esforço para restaurar vida selvagem devastada. Este projeto piloto teve tanto sucesso que em 2008 a fundação e seu fundador, Gregory Carr, concordaram em continuar a recuperar o parque, acordando numa gestão conjunta por mais 20 anos.
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Um verdadeiro final feliz
O Parque Nacional da Gorongosa passou por várias etapas: de reserva de caça privada, a parque nacional e campo de batalha antes de voltar a ser um parque nacional. Nos últimos anos, muitos milhões foram investidos no parque e nas comunidades locais. É a prova viva que a vida selvagem pode renascer das cinzas - com paciência, muita força de vontade e dinheiro.
Autoria: Timothy Rooks