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Inocêncio Manhique: Um ativista na Assembleia Municipal

Silaide Mutemba (Maputo)
19 de fevereiro de 2024

Perdeu um olho na repressão policial das manifestações de 18 de março, na capital moçambicana, e a vida deu uma volta inesperada. Agora, assume uma nova e desafiadora missão como membro da Assembleia Municipal pelo MDM.

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Inocêncio Manhique
Foto: Silaide Mutemba/DW

Numa trajetória marcada por desafios, o jovem Inocêncio Manhique assumiu uma nova e desafiadora missão como membro da Assembleia Municipal de Maputo pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a terceira força política do país. O ativista social tornou-se uma figura conhecida após ser vítima de violência policial no ano passado, durante as manifestações de 18 de março, em Maputo, onde perdeu um olho.

A sua entrada na política não foi apenas uma decisão pessoal. Segundo o jovem, foi uma resposta corajosa aos acontecimentos que moldaram a sua vida de maneira inesperada.

A posse de Inocêncio na Assembleia Municipal abre um novo capítulo da sua vida. O jovem vê esta oportunidade como uma plataforma para ser o porta-voz dos anseios dos moçambicanos, em Maputo.

Compromisso com a juventude

"Seria muito bom se eu representasse a voz de todos os oprimidos e dos jovens que têm algo a dizer", afirma. "Por isso, a minha forma de estar é esta forma das ruas, porque eu sou filho das ruas, eu sou filho destes maus-tratos".

Em entrevista à DW, Manhique destaca a importância de projetos focados na juventude, frequentemente marginalizada, comprometendo-se a ser um defensor incansável das questões que afetam essa camada da população.

Inocêncio Manhique tomou posse a 7 de fevereiro
Inocêncio Manhique tomou posse a 7 de fevereiroFoto: Silaide Mutemba/DW

"Existem projetos que são desenhados para poderem ser apresentados. Então, é deste jeito que vamos fazer: desenhamos os projetos para serem discutidos, porque não é só uma Assembleia Municipal. Do meu ponto de vista, é apenas o começo de certas mudanças", considera.

"A justiça não vai ser feita"

Relativamente aos danos sofridos durante as manifestações de 18 de março, Inocêncio Manhique continua à espera de julgamento e reparações. O jovem expressa desconfiança na eficácia e no interesse das instituições de justiça em proporcionar um desfecho justo ao seu caso.

"A justiça no meu caso não vai ser feita, mas eu também não vou deixar de falar", garante. "Porque eu tenho algo dentro de mim, fui ferido por um Estado que não consegue resolver a minha situação".

Para o ativista, a única recompensa daquele dia é a liberdade de expressão: "Eu não vou permitir que a Procuradoria geral da República, nem a polícia possam calar a minha voz", promete.

Inocêncio Manhique foi eleito como membro da Assembleia Municipal, representando o MDM, nas eleições autárquicas do ano passado, e foi empossado no início deste mês para um mandato de cinco anos. 

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