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Gás em 2023: "Uma janela de esperança para Moçambique"

30 de dezembro de 2022

Governo moçambicano prevê que o ano de 2023 será bom para a economia. Analista ouvido pela DW concorda e acredita que o gás natural vai servir como estímulo.

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Cerimónia de inauguração da plataforma Coral Sul com o Presidente sul-coreano Moon Jae-in, o homólogo moçambicano Filipe Nyusi e as respetivas primeiras-damas
Foto: Yonhap/picture alliance

O ano de 2022 está a chegar ao fim, e o Governo moçambicano já faz contas com as receitas do próximo ano. O Executivo prevê um ano de 2023 bom para a economia, com um crescimento económico acima dos 6%, a valorização do metical e a redução do défice.

A exploração do gás do Rovumaao largo da província de Cabo Delgado deverá ajudar a alavancar a economia, contribuindo com cerca de 20 milhões de euros para os cofres do Estado. Além disso, o Governo moçambicano está confiante que as empresas ligadas aos projetos de gás em Cabo Delgado, paralisadas devido à pandemia da Covid-19 e à violência armada, possam retomar as atividades em breve.

À DW, o economista moçambicano Elcídio Bachita diz que, em 2023, haverá uma janela de esperança para Moçambique.

DW África: O que significam as promessas otimistas de Moçambique para 2023?

Elcídio Bachita (EB): Estas promessas abrem boas perspectivas para o nosso país no próximo ano. O gás vai servir como um elemento catalisador da economia nacional.

Temos a multinacional ENI a explorar o gás natural em Moçambique. Já houve a primeira exportação desse recurso, e isso significa que, no próximo ano, se abrirá uma grande janela de esperança não só para o povo moçambicano, mas também para a economia nacional. A exploração de gás natural na bacia do Rovuma no próximo ano terá um efeito multiplicador. 

DW África: Quanto poderá ganhar Moçambique com a exportação do gás anualmente?

Mosambikanischer Wirtschaftswissenschaftler - Elcídio Bachita
Elcídio Bachita: "A exploração de gás na bacia do Rovuma terá um efeito multiplicador"Foto: privat

EB: A médio e longo prazo, a Total, por exemplo, poderá canalizar a favor do Estado moçambicano mais de 700 milhões de dólares. O seu projeto é de maior magnitude relativamente ao da ENI, que é inferior em termos de investimento e receitas. Anualmente, a ENI deverá canalizar 750 milhões de dólares, e a multinacional poderá canalizar um valor ainda maior.

DW África: O que significam estes valores para Moçambique?

EB: Significa que abrem-se boas perspetivas para a nossa economia. Significa que haverá um aumento do volume das exportações de Moçambique, por parte destas empresas, e isso vai naturalmente contribuir para a redução do desequilíbrio da balança de pagamentos do nosso país, que historicamente é deficitária. 

DW África: O projeto Coral Sul coloca Moçambique no mapa do gás natural liquefeito, como um importante fornecedor mundial, com empresas estrangeiras como a ENI e a Total na exploração. Para quando empresas nacionais na exportação do gás?

EB: Há, de facto, uma necessidade de surgirem outros atores - se fossem atores moçambicanos, isso seria positivo, porque o dinheiro iria beneficiar quase na totalidade os moçambicanos. O investimento estrangeiro beneficia mais as multinacionais do que o próprio Estado moçambicano.   

DW África: Qual seria o caminho a seguir para a "independência"?

EB: Permitir que haja uma transferência de tecnologia para o nosso país, e isso vai permitir que os moçambicanos consigam ter conhecimento suficiente para, por si só, explorarem os seus recursos em vez de continuarmos a depender das multinacionais estrangeiras.

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