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ConflitosSudão

Guerra no Sudão entra no quarto mês com novos combates

AFP | Lusa
16 de julho de 2023

A capital sudanesa, Cartum, e a região do Darfur voltaram a ser palco de confrontos entre o Exército e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido, que não dão sinais de tréguas, após três meses de guerra.

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Fumo sobre a cidade de Omdurman, durante confrontos, a 4 de julhoFoto: Mostafa Saied/REUTERS

Ataques aéreos atingiram Cartum, este domingo (16.07) e os combates prosseguem na região de Darfur, no oeste do Sudão, segundo testemunhas citadas pela AFP. A guerra - que entra este fim de semana no quarto mês - entre o exército e uma organização paramilitar não dá sinais de abrandamento.

Na capital sudanesa, caças do exército "atacaram bases" das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) paramilitares que "responderam com armas antiaéreas", disseram testemunhas citadas pela agência de notícias.

Os drones das RSF visaram o maior hospital militar de Cartum, segundo os mesmos relatos. Um ataque semelhante, no sábado, às mesmas instalações, fez cinco mortos e 22 feridos, segundo o exército.

A guerra entre o chefe do exército Abdel Fattah al-Burhan e o seu antigo adjunto, o comandante da RSF Mohamed Hamdan Daglo, já causou pelo menos 3.000 mortos e mais de 3 milhões de deslocados desde o seu início, a 15 de abril.

Na sexta-feira, a União Europeia (UE) apelou ao exército sudanês e aos paramilitares para que facilitem a busca, recolha e retirada dos corpos das pessoas mortas no conflito. As partes beligerantes são condenadas pela UE pela reiterada recusa em "procurar uma solução pacífica" para a situação.

A view shows a destroyed building interior as clashes between the army and the paramilitary Rapid Support Forces (RSF) continue, in Omdurman
Combates deixaram rasto de destruição em OmdurmanFoto: Mostafa Saied/REUTERS

RSF reivindicam vitória no Darfur

No Darfur, uma vasta região que tem sido palco de alguns dos piores combates, testemunhas relataram este domingo "confrontos pesados com vários tipos de armas" na cidade de Kas.

Os residentes de Kas, a cerca de 80 quilómetros a noroeste de Nyala, a capital do estado do Darfur do Sul, disseram que as casas foram arrombadas e saqueadas pelos combatentes da RSF.

Em comunicado, os paramilitares congratularam-se com a sua "vitória" na cidade.

O Darfur, onde vivem cerca de um quarto dos 48 milhões de sudaneses, viu cidades inteiras serem arrasadas, com relatos de mortes em massa de civis e assassinatos com base em etnias atribuídas à RSF e às milícias árabes aliadas.

People watch as smoke rises during clashes between the army and the paramilitary Rapid Support Forces (RSF), in Omdurman
A guerra no Sudão entrou este sábado, 15 de julho, no quarto mêsFoto: Mostafa Saied/REUTERS

Grupo paramilitar rejeita acusações da HRW

No sábado, a RSF disse que "refuta categoricamente" um relatório recente da Human Rights Watch que detalhava a execução sumária de "pelo menos 28 pessoas da etnia Massalit" - um grupo minoritário não árabe - e a "destruição total da cidade de Misterei" no estado de Darfur Ocidental.

A RSF atribuiu a violência a um "conflito tribal de longa data" e afirmou que "respeita rigorosamente" o "direito humanitário internacional".

A força paramilitar teve origem na milícia Janjaweed, que foi armada para combater os rebeldes das minorias étnicas no Darfur no início da década de 2000. Este conflito matou mais de 300.000 pessoas e deslocou 2,5 milhões, segundo as estimativas da ONU.

As atrocidades cometidas na altura levaram o Tribunal Penal Internacional a acusar o antigo ditador Omar al-Bashir de vários crimes, incluindo genocídio. O Procurador-Geral do Tribunal lançou uma nova investigação sobre suspeitas de crimes de guerra nos actuais combates, incluindo violência sexual e civis visados pela sua etnia.

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