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ConflitosMédio Oriente

Gaza: OMS ordena retirada do hospital Al Shifa

nn | com agências
19 de novembro de 2023

A OMS apela à evacuação do maior hospital de Gaza, considerando-o uma "zona de morte". Incursão israelita já matou 104 trabalhadores da ONU.

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Equipa da OMS esteve no sábado (18.11) no interior do hospital Al Shifa, o maior e principal de GazaFoto: WHO/REUTERS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou ter efetuado uma missão no hospital Al Shifa, alvo de ataques do Exército israelita, e está a promover um plano de retirada do estabelecimento que qualificou de "zona de morte".

Segundo a OMS, cujos peritos se mantiveram durante uma hora no imenso complexo hospitalar, o edifício ainda albergava 25 funcionários e 291 doentes, incluindo 32 bebés em estado crítico, 22 doentes submetidos a diálise e dois em cuidados intensivos. Os membros da missão descreveram o hospital como uma "zona de morte" onde a situação é "desesperada", indicou a OMS em comunicado. 

"A OMS e os seus parceiros elaboram com urgência planos para a retirada imediata dos restantes doentes, do pessoal e das suas famílias", acrescentou a organização.

"A equipa deparou-se com um hospital que já não estava em condições de funcionar: sem água, sem eletricidade, sem alimentos, e com os fornecimentos médicos esgotados", escreveu na rede social X o secretário-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que publicou uma série de mensagens sobre a difícil situação na referida unidade hospitalar.

"Tendo em consideração a situação deplorável e o estado de numerosos doentes, incluindo bebés, os funcionários hospitalares pediram ajuda para retirar os doentes que já não podem receber nesse local os cuidados vitais", acrescentou. 

Gazastreifen | Israelische Soldaten führen Operationen im Al-Shifa-Krankenhaus in Gaza-Stadt durch
Tropas israelitas no interior do hospital Al Shifa, em Gaza, no dia 15 de novembroFoto: AFP

32 bebés prematuros

Os 32 bebés prematuros que estavam no hospital Al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza, foram este domingo (19.11) retirados do local e serão transferidos para o Egito, informou o Ministério da Saúde do território palestiniano gerido pelo Hamas.

Segundo a OMS, que liderou a missão, 25 profissionais de saúde permaneceram no local, juntamente com os pacientes. "Os pacientes e o pessoal de saúde com quem falaram estavam aterrorizados com a sua segurança e saúde e pediram a retirada", disse a agência, descrevendo Al-Shifa como uma zona de morte.

No seu comunicado, a OMS refere que a grande maioria dos doentes que permanecem no hospital são vítimas de fraturas complexas e de amputações, de queimaduras, de traumatismo torácicos e abdominais.

Disse ainda que 29 doentes sofrem de sérios ferimentos na coluna vertebral e são incapazes de se deslocar sem assistência médica. Numerosos feridos sofrem de graves infeções, devido à ausência e antibióticos e às más condições de higiene. 

A OMS anunciou que diversas missões serão organizadas nos próximos dias para a retirada urgente dos restantes doentes em direção ao hospital Nasser e ao hospital europeu de Gaza, mesmo que estas duas instalações "já excedam as suas capacidades". 

Segundo o Exército israelita, que na manhã de quarta-feira (15.11) efetuou uma incursão no hospital Al Shifa, este edifício alberga um complexo do Hamas, que estará instalado numa rede de túneis, uma alegação desmentia pelo movimento islamita palestiniano. 

Nos últimos dias, cercou o local e efetuou várias incursões limitadas às suas instalações, nas quais afirma ter descoberto armas e um túnel utilizado pelo Hamas. 

Gazastreifen | Satelitenaufnahme des Al-Shifa Krankenhauses
Imagens de satélite mostram área onde se localiza o principal hospital do enclave palestinianoFoto: Maxar Technologies/Handout/REUTERS

104 trabalhadores da ONU mortos

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA) elevou para 104 o número de trabalhadores mortos pela ofensiva israelita contra a Faixa de Gaza, incluindo um morto por bombardeamento no sábado.

"No dia 18 de novembro, um colega da UNRWA no norte de Gaza foi morto por um bombardeamento israelita. No total, 104 colegas foram mortos desde o início da guerra", afirmou, antes de recordar que "este é o maior número de trabalhadores da ONU mortos num conflito na história".

De acordo com esta agência, nas últimas 24 horas, houve "múltiplos incidentes" que afetaram as instalações da UNRWA, e provocaram "mortos e feridos entre as pessoas deslocadas que se encontravam abrigadas nas instalações". "A UNRWA ainda está a tentar verificar o número de vítimas", referiu a agência.

A Faixa de Gaza está submetida a um cerco total por Israel desde 09 de outubro, com a população privada do fornecimento de água, eletricidade, alimentos e medicamentos. 

Uma parte desta população refugiou-se no sul, perto da fronteira egípcia, mas centenas de milhares permanecem no meio dos combates, no norte do enclave. Segundo diversas organizações não-governamentais (ONG), a situação é desastrosa para a população. 

Na Faixa de Gaza, onde Israel afirma pretender "aniquilar" o Hamas, os bombardeamentos israelitas em represália pelo ataque de 07 de outubro já provocaram a morte de mais de 12 mil pessoas, na maioria civis, incluindo cerca de 5.000 crianças, segundo o Ministério da Saúde do Hamas. 

De acordo as autoridades israelitas, cerca de 1.200 pessoas foram mortas em Israel no ataque do Hamas em 07 de outubro, incluindo cerca de 300 militares e polícias, e mais de 200 foram sequestradas.

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