EUA entregam ajuda a deslocados de Cabo Delgado
25 de agosto de 2020Numa primeira fase, os produtos serão direcionados a oito mil famílias deslocadas devido aos ataques armados, que precisam de ajuda urgente e se encontram espalhadas pelas províncias de Cabo Delgado, Nampula e Zambézia.
Durante a entrega dos donativos, esta terça-feira (25.08), em Pemba, John Larsen, assessor regional, representante da agência norte-americana de ajuda ao desenvolvimento USAID, garantiu que os EUA estão disponíveis a apoiar Moçambique para reduzir o sofrimento dos deslocados.
"Muito depende do apelo do Governo moçambicano, mas o Governo e o povo americano estão sempre prontos a continuar com a assistência humanitária", disse.
Ajuda internacional
Os ataques armados em Cabo Delgado, que começaram em 2017, já levaram à fuga de mais de 250 mil pessoas.
Os insurgentes destruíram infraestruturas públicas e privadas, habitações e empreendimentos económicos. Muitas famílias viram os seus meios de sustento destruídos e não sabem ondem podem recomeçar a sua vida.
"Saí de Macomia a fugir da guerra, porque lá já não tinha onde ficar e o que comer. Vim com os meus sete filhos aqui para Pemba, para a casa do meu cunhado", afirmou uma deslocada ouvida pela DW África.
O pacote de apoio dos EUA a Moçambique contempla igualmente a recuperação económica das vítimas. "Pensámos em maneiras de apoiar no sustento das famílias deslocadas, para elas terem uma certa renda", avançou o representante local da USAID.
Este mês, especialistas do Instituto de Estudos de Segurança defenderam uma intervenção urgente da União Africana e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral em relação à questão de Cabo Delgado. Na semana passada, os chefes de Estado da SADC prometeram apoiar Moçambique na luta contra o terrorismo.
John Larsen alerta que as organizações humanitárias estão a ter dificuldades para aceder a algumas zonas mais a norte da província de Cabo Delgado. Segundo o assessor da USAID, não há condições de segurança para as organizações assistirem as famílias lá existentes.
"A comunidade humanitária está a dizer que não é muito seguro [trabalhar nestes locais], porque, de facto, não podemos pôr em risco de vida os trabalhadores destas organizações humanitárias", explicou. "Os diferentes doadores, incluindo o Governo norte-americano, estão a concentrar as atividades sobretudo nos distritos do sul, esperando uma abertura daqui para frente para atingir efetivamente aqueles deslocados em diferentes distritos do norte, que estão com menos segurança."