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MDM confia em melhores resultados nas próximas autárquicas

Nádia Issufo
22 de outubro de 2018

De quatro municípios que conquistou aos poucos, hoje o MDM só ficou com um: Beira. Mesmo com este resultado das eleições autárquicas de 10 de outubro, a segunda maior força da oposição diz que está de cabeça erguida.

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Wahlen Mosambik 15.10.2014 Daviz Simango
Foto: DW/A. Sebastiao

Para um partido relativamente novo que via a sua ascensão nas eleições municipais correr de feição, as quintas eleições autárquicas são vistas como um golpe duro. Mas o visado não partilha de tal visão negativa. A DW África entrevistou o líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, sobre o desempenho da sua formação e também sobre uma possível união entre o MDM e a RENAMO na Matola, que poderia desencadear a realização de novas eleições.

DW África: As eleições autárquicas aconteceram à luz da nova Lei Eleitoral e foram marcadas pelo regresso da RENAMO à corrida. Que lições tirou o MDM desse momento particular?

Daviz Simango (DS): Eu sou contra essa Lei de Descentralização. Nós, como MDM, somos contrários, porque essa nova Lei anula o direito adquirido dos cidadãos e amputa a democracia que os moçambicanos tinham conquistado, que era de eleger diretamente os presidentes dos conselhos municipais e as assembleias. Portanto, hoje o que canta é o partido. É preciso olhar para os partidos tradicionais, eles já têm os nomes espalhados por tudo o que é canto. À partida, levam vantagem em relação a outros partidos, prejudicando-os. Portanto, hoje em dia vai ser difícil termos novos atores políticos, pessoas que se possam expressar livremente e à vontade as suas ideias. Com esta Lei de Descentralização estamos numa situação em que as minorias governam, é um governo sem autoridade porque é de minorias. Mas, enfim, foi isso que entenderam e projetaram e o MDM na altura votou na Assembleia da República em nome da paz, tudo valeu para o MDM por um sacrifício em nome da paz, foi o que nós fizemos. Agora, esperamos de facto que consigam manter a paz, porque essas nódoas de comportamento podem em algum momento trazer à ribalta os velhos conflitos, numa altura em que queremos sossego no nosso país.

Mahamudo Amurane
O assassinato de Mahamudo Amurane, edil de Nampula pelo MDM, marcou o começo da queda do partidoFoto: DW/Nelson Carvalho Miguel

DW África: O MDM desde que começou a participar neste tipo de eleições conseguiu ter, aos poucos, quatro municípios, mas desta vez conseguiu apenas um. Como é que o seu partido vê esta perda de municípios?

DS: Retirando esse processo de excepção que ocorreu, o MDM tinha quatro e ficou com um, é um processo democrático, um processo dinâmico, há que ir à luta conquistar mais autarquias nas próximas oportunidades. Mas não é o pior mal que existe no mundo, a RENAMO já teve cinco autarquias e ficou com zero. A FRELIMO já teve 53 autarquias e foi perdendo. Isto é um processo e é preciso compreender a dinâmica do eleitorado. Portanto, estamos de cabeça erguida e temos muito orgulho de termos vencido a Beira de forma retumbante e forte e estamos satisfeitos. Mas estamos preocupados e temos de trabalhar para melhorar a nossa performance, para nas próximas eleições municipais termos os resultados que pretendemos e ganhar novas autarquias e isso vamos conseguir fazer.

DW África: Há uma situação crítica no município da Matola: a RENAMO contesta os resultados que deram vitória à FRELIMO. Mas há a possibilidade de a RENAMO e o MDM se unirem na Assembleia do município e votarem duas vezes contra a proposta de orçamento e, assim, fazer cair a Assembleia, o que obrigaria à convocação de novas eleições. O MDM teria interesse em proporcionar esta queda da Assembleia?

MDM confia em melhores resultados nas próximas autárquicas

DS: Já tive a oportunidade de ser presidente de um município sem bancada e consegui trabalhar. Agora, é preciso ver se os orçamentos que aparecem são do interesse dos munícipes da Matola ou não. Por mim, temos de olhar para os interesses coletivos, se jogam ou não. A governação não pode ser virada para interesse partidários, o MDM tem de olhar para o que está correto, o que é dos interesses dos munícipes da Matola e o que for contra os seus interesses é natural que o MDM chumbe. A governação não pode ser virada para interesses privados-partidários em prejuízo dos interesses coletivos das populações onde estamos a governar.

DW África: Coloco esta questão no contexto dos supostos ilícitos eleitorais que terão acontecido nesta autarquia...

DS: O MDM enquanto partido político no processo de governação colocará sempre em primeiro lugar os munícipes e não os interesses privados do MDM.

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