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Desastres

Ciclone Idai afeta fornecimento de energia na África do Sul

Milton Maluleque (Joanesburgo)
20 de março de 2019

O ciclone interrompeu linhas da barragem Cahora Bassa, localizada em Moçambique, o que está a complicar ainda mais os problemas com energia elétrica em território sul-africano.

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Symbolbild Stromausfall Südafrika
Quedas de energia afetam a África do Sul nos últimos mesesFoto: picture-alliance/dpa/K. Ludbrook

Os graves problemas no fornecimento de eletricidade enfrentados pela África do Sul nos últimos meses estão a piorar com a passagem do ciclone Idai por Moçambique. O fenómeno interrompeu linhas da barragem Cahora Bassa, localizada em território moçambicano.

A companhia sul-africana de energia Eskom afirma que o ciclone contribuiu significativamente para a insuficiência da corrente elétrica. A empresa explicou ainda que seus engenheiros estavam impossibilitados de aceder à barragem de Cahora Bassa, em Moçambique, para determinar exatamente a extensão dos danos nas linhas afetadas pela tempestade.

Ciclone Idai afeta fornecimento de energia na África do Sul

Em campanha eleitoral na província do Noroeste, o Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa prometeu resolver o problema.

"Estamos empenhados, daí que enviamos um destacamento das Forças de Defesa Nacional a Moçambique para ajudar a Eskom a reerguer os postes. Assim, os próximos dias serão duros, mas depois disso os postes estarão bem. Os geradores operacionais e as nossas estações de energia estarão bem. Ninguém deve pensar que seja um erro de uma pessoa, mas um erro coletivo e será consertado. Daí que temos de nos manter unidos.”

Problema temporário?

A barragem de Cahora Bassa, localizada na província moçambicana de Tete, exporta 1.200 megawatts de eletricidade para a África do Sul. O país convive nos últimos meses com uma crise energética devido a atos de corrupção, falta de manutenção da rede eléctrica e alegações de sabotagem junto da Eskom.

Ted Blom, especialista sul-africano em energia, não acredita que seja um problema temporário.

"A Eskom nunca pensou que este dia iria chegar. No último final de semana, isto depois da grande procura, baixou dos 30 gigawatts para 20 gigawatts. Se quatro geradores estão desligados, significa que tínhamos 18 gigawatts acessíveis na Eskom, e isso é menos da metade da corrente consumida. Isto mostra que há algo errado, daí o espanto quando o Presidente diz que é um problema temporário e que teremos combustível [para os geradores]”, avalia.

20 Jahre Frieden in Mosambik
Hidroelétrica de Cahora BassaFoto: DW/M. Barroso

Eskom reconhece crise

Por causa do ciclone, na última sexta-feira, o corte de energia passou da fase 3 para a fase 4. A fase 4 de interrupção da corrente elétrica significa que a Eskom iniciou cortes de energia adicionais e não-programados onde quer que seja necessário e fora dos seus cronogramas.

O presidente do Conselho de Administração da Eskom, Jabu Mabuza, reconhece os problemas que a companhia enfrenta.

"Nos últimos cinco anos não fizeram a manutenção de rotina. Algo mecânico, qualquer coisa móvel sujeita-se a quebrar e danificar-se. O equipamento quebrou-se e danificou-se. A única resposta que temos é a reparação, que significa não estarmos operacionais a 100%, reduzindo o que está acessível”, admitiu.

Analistas calculam que devido aos cortes diários de mais de quatro horas no fornecimento da corrente elétrica, o Produto Interno Bruto (PIB) da África do Sul já perdeu cerca de 69 milhões de dólares por dia desde domingo.