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Face às inquietações dos agricultores, autoridades garantem que ninguém será prejudicado com o megaprojeto. Responsáveis dos Governos moçambicano, brasileiro e japonês estariam a preparar o plano director do projeto.
O secretismo que reina sobre a implementação do ProSavana aumenta o desespero dos pequenos produtores de Moçambique., alguns dos quais temem perder suas terras. Este grupo de camponeses está também preocupado com a não realização do estudo de impacto ambiental, uma das exigências para a aprovação e implementação do megaprojeto agrícola.
Prevê-se que o ProSavana irá ocupar uma área estimada em 10,7 milhões de hectares de terra em 19 distritos das províncias do Niassa, Nampula e Zambézia, no norte e centro de Moçambique. Os camponeses querem, por isso, conhecer os critérios de ocupação das terras e até que ponto o ProSavana vai beneficiar os agricultores do sector familiar.
“Os camponeses nunca foram ouvidos nas discussões sobre o ProSavana para que pudessem ouvir o que significa esse programa, qual é o seu objetivo e também qual seria o modelo de exploração das terras”, lamenta Augusto Mafigo, presidente da União Nacional de Camponeses (UNAC).
A falta de informação “preocupa-nos porque pode acontecer o que se passou noutros projetos aqui no país, em vários sítios como em Tete. Isso traz uma grande confusão no seio das comunidades, o que não pode acontecer”, acrescenta Augusto Mafigo.
"Este programa deve parar"
Também o coordenador executivo da UNAC, Luís Muchanga, considera que o ProSavana é “um programa excludente” e além disso “controverso na sua concepção e no modelo que está a ter em conta”. No entanto, Muchanga reconhece que o programa agrícola busca uma solução: aumentar a produção de "alimentos para poder resolver grandes indicadores, como a reducação dos níveis de importação dos alimentos”.
Eusébio Tumuitiquile, diretor Provincial de Agricultura do Niassa, promete facilitar informação aos camponeses assim como assistência técnica
Perante os receios e até mesmo a difícil interpretação do ProSavana devido à falta de informação sobre o projeto, Assane Joanga, da União Provincial dos Camponeses de Cabo Delgado, sugere “a paralisação deste programa até que se encontrem consensos através da busca de informações junto aos camponeses”.
Autoridades prometem mais informações
Por seu lado, o diretor Provincial de Agricultura da província noroeste do Niassa, Eusébio Tumuitiquile, reconhece a necessidade de maior partilha de informação, mas considera cedo demais para se pensar nas consequências da iniciativa.
“Temos de estar disponíveis para todos e sobretudo para os camponeses. Aliás, o que queremos fazer é facilitar a sua organização em associações, facilitar que haja uma assistência técnica, promover o desenvolvimento e aumentar assim os níveis de produção e de produtividade”, afirma Eusébio Tumuitiquile.