Cabo Verde: Governo mantém salário mínimo até 2022
5 de novembro de 2021O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia, espera vencer a crise económica que foi agravada com a pandemia da Covid-19 e regressar aos níveis de crescimento de 2019. Na quinta-feira (04.11), o chefe do Governo disse à DW África em Lisboa, que está disposto a negociar um aumento salarial para 2023. Mais cedo não é possível, disse, porque "a decisão não depende apenas do Governo". Correia enumerou vários desafios para superar a crise económica atual e afirmou que, em primeiro lugar, é preciso vencer "em definitivo" a pandemia da Covid-19.
Cabo Verde, energias verdes
Outros desafios atuais exigem soluções mais estruturantes, disse Ulisses Correia. O governante salientou que vai apostar na criação de condições que libertem o país da dependência de combustíveis fósseis. “Todos nós estamos a viver hoje uma outra crise que se junta à pandemia – a crise energética”, afirmou. As metas do Governo cabo-verdiano envolvem chegar a 2030 com mais 50% energias renováveis. Ulisses referiu em particular a “economia azul: nós somos muito mais mar do que terra“, de modo que urge viabilziar "a agricultura através do nexo entre água e energias renováveis“.
Cabo Verde também considera a transformação digital como um “fator importante de melhoria de eficiência da economia e de criação de oportunidades de empreendedorismo, particularmente para os jovens”, disse Ulisses. Desta forma, o país pode transitar para uma situação de menor vulnerabilidade e exposição a choques externos, considerou o governante.
Correia mostrou esperança na retoma da atividade turística, entre as restantes atividades económicas, uma vez que o país está com “um elevado nível de vacinação”. Outras medidas para reduzir o impacto da crise incluem baixar os impostos nos setores da eletricidade e água de 18% para 8%. O governante considerou, no entanto, haver uma limitação de recursos para atenuar os efeitos da crise, o que impossibilita o aumento do salário mínimo em 2022.
A Internet como sustento da meritocracia
Dar ferramentas contra o desemprego aos jovens é outro foco do primeiro-ministro, que pretende explorar as possibilidades das novas tecnologias. O secretário de Estado para a Economia Digital, Pedro Lopes, deu a conhecer alguns programas que potenciam esse objetivo, como o acesso à Internet por um preço baixo. “Tal como fazemos com a água e a eletricidade, queremos que as pessoas de uma condição social baixa possam aceder à Internet, que é uma ferramenta para a meritocracia”, explica.
Outro programa avançado por Pedro Lopes pretende atrair cabo-verdianos qualificados na área das novas tecnologias. O secretário de Estado garante um apoio financeiro de 30 mil euros para apoiar quem quiser regressar a Cabo Verde, de forma a criar emprego. “Se todos os cabo-verdianos de sucesso regressarem a Cabo Verde para desenvolver negócios, podem ter a certeza que o nosso país vai avançar de forma mais acelerada”, afirmou.