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Liberdade de imprensaMoçambique

Seis meses do desaparecimento de jornalista Ibraimo Mbaruco

7 de outubro de 2020

Passaram seis meses do desaparecimento de Ibrahimo Mbaruco, em Cabo Delgado. A sociedade civil insta o Governo moçambicano a usar todos os instrumentos ao seu alcance para esclarecer o que se passou com o jornalista.

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Foto: AFP/M. Longari

O MISA, Instituto para a Comunicação Social da África Austral, exige que as autoridades governamentais moçambicanas redobrem esforços no sentido de esclarecer o desaparecimento do jornalista Ibrahimo Mbaruco, da Rádio Comunitária de Palma, em Cabo Delgado.

No dia do desaparecimento do jornalista, as autoridades policiais foram alertadas sobre o ocorrido e o MISA diz num comunicado que existem todas as condições para esclarecer o caso.

O jornalista Lázaro Mabunda diz que o Estado não mostra preocupação em esclarecer o sucedido.

"O desaparecimento de um cidadão não devia ser preocupação de uma ONG ou da família. Tinha que ser [preocupação] do Estado, que é o defensor do cidadão. Logo depois de desaparecer, esse Estado devia ter-se preocupado em tentar esclarecer. Mas não há essa vontade”, observa.

Pistas por investigar?

Lázaro Mabunda sublinha que neste caso há dados que podem facilitar a investigação do desaparecimento de Ibraimo Mbaruco.

Lázaro Mabunda, investigativer Journalist aus Mosambik
Lázaro Mabunda: "Estado devia ter-se preocupado em tentar esclarecer. Mas não há essa vontade.”Foto: DW/A. Cascais

"Ele deixou uma mensagem quando estava a ser raptado a dizer que estava cercado de militares. A família também foi informada, os amigos foram informar. Não houve essa investigação”, reclama o jornalista.

"Em junho, o telefone dele chamou e a SERNIC (Serviço Nacional de Investigação Criminal) foi informada, pelo menos para esclarecer. E, no mínimo, dizer que [Mbaruco] estava na antena X, usou a antena X ou que está num raio XY. E nesse raio quem está? São insurgentes ou as FDS (Forças de Defesa e Segurança)? Não houve nenhum esclarecimento”, avançou Mabunda.

Monitorização em curso

Entretanto, a Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) lembrou que a instituição tem estado a monitorizar cenários desta natureza em Cabo Delgado.

"O que nós temos feito é monitorizar, documentar os acontecimentos e formular recomendações, tanto para a procuradoria assim como [para] o judiciário, as entidades governamentais, a polícia e a defesa. Quando voltámos de Cabo Delgado, fizémos esse relatório e encaminhámos para esses setores”, esclareceu o presidente da comissão, Luís Bitone.

Liberdade de imprensa em causa

Pandemia tornou-se justificação para atacar jornalistas

O Parlamento Juvenil,uma organização não governamental moçambicana que congrega jovens, entende que há esforços para impedir o trabalho dos jornalistas em todo o país, violando a liberdade de imprensa e de expressão.

"Vimos que, em algum momentom aquilo que são só os princípios de um Estado de direito democrático estão a ser escamoteados na sua generalidade”, constata o presidente da organização, David Fardo.

"Tivemos a situação do jornal Canal de Moçambique e olhamos isso como uma perseguição àquilo que são os direitos constitucionalmente estabelecidos. Até certo ponto, a liberdade de expressão, de imprensa e o direito à informação, na sua generalidade, os moçambicanos não consomem como devia ser”, afirma.

Nesta quarta-feira (07.10), para além dos seis meses do desaparecimento de Ibraimo Mbaruco, passa também um ano do assassinato do ativista social, Anastácio Matavel, por agentes da lei e ordem em Xai Xai, capital provincial de Gaza.

 

 

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