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Bispo de Pemba: "Como podemos fazer para socorrer?"

Nádia Issufo
4 de março de 2024

Aumento da violência insurgente em Cabo Delgado está a afetar a prática de todas as religiões, mas as atividades regulares da Igreja Católica, como as de intervenção social, é que ficam comprometidas, diz bispo de Pemba.

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Mosambik | Binnenvertriebene aus Cabo Delgado in Nampula
Foto ilustrativaFoto: Sitoi Lutxeque/DW

O grande desafio para a Igreja Católica em Cabo Delgado, neste momento de recrudescimento da violência no norte de Moçambique, é socorrer as vítimas da insurgência, revela o bispo de Pemba, dom António Juliasse. Em entrevista à DW, o bispo fala mais dos impactos da violência, trazendo exemplos:

DW: Quais são os impactos do recrudescimento que a Igreja Católica enfrenta neste momento?

António Juliasse (AJ): A grande preocupação que temos é como juntarmos as forças, nós a Igreja Católica e as outras organizações não governamentais e as entidades governamentais, como podemos fazer para socorrer em níveis diferentes. O primeiro nível é já, é uma emergência, há pessoas que sairam de casa sem levar nada, foram surpreendidas, as suas casas foram queimadas e estão praticamente sem nada. É preciso ver o que se pode fazer para essas pessoas que têm necessidades para poderem sobreviver. E depois tem a outra fase, aquelas populações que sairam com uma certa antecedência levaram alguma bagagem na cabeça, um pouco de farinha para poderem sobreviver, depois de uma semana vão ficar sem se ajudarem em termos de alimentação.

DW: A violência insurgente está a afetar a prática do catolicismo e a ajuda humanitária em Cabo Delgado?

AJ: Está a afetar não só a prática da religião católica, mas também de todas as outras religiões. Uma aldeia queimada está toda ela queimada e não é só de católicos, há cristãos envangélicos, são cristãos das religiões independentistas africanas, os ziones e também estão os muçulmanos, fogem todos. Portanto, afetam o curso normal de vida de toda a população, não só dos católicos. No nosso caso, da Igreja Católica, temos assistido cristãos juntamente com outros muçulmanos em campos de reassentamentos onde estão aglomerados, estão também cristãos. A prática da religião continua, nunca sentimos que em Cabo Delgado a religião católica está a sofrer alguma restrição. Só a restrição que é o sofrimento imposto a todo o povo.

Deslocados internos de Mocímboa da Praia na cidade de Pemba
Deslocados internos de Mocímboa da Praia na cidade de PembaFoto: Chris Huby/Le Pictorium/imago images

DW: Em que medida o aumento da violência condiciona as ações da ajuda humanitária da Igreja Católica e das suas instituições?

AJ: Trata-se da intervenção normal da Igrejas Católica. A Igreja tem escolas, centros de formação da juventude, tem centros de promoção humana. Por exemplo, agora que houve esse ataque em Mazeze, tínhamos um centro de promoção humano com tantos jovens que estavam a aprender habilidades profissionais no campo do corte e costura, fabrico de pão, etc. E também a Igreja tinha uma grande intervenção social, sobretudo no melhoramento da água potável. As últimas ações foram de melhorar os poços e colocar níveis de segurança aceitáveis para que as pessoas pudessem beber água não contaminada. Todas estas ações de intervenção social da Igreja naquele contexto, por exemplo, de Mazeze ficam sem ser feitas.

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