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"É bom que o Brasil está de volta", diz presidente alemão

1 de janeiro de 2023

Em Brasília para a posse de Lula, Frank-Walter Steinmeier saúda "nova era política" no Brasil. "Fico feliz de poder estar na posse do presidente Lula no Brasil".

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Lula e Steinmeier se encontram em Brasília
Lula e Steinmeier se encontram em BrasíliaFoto: Jens Büttner/dpa/picture alliance

O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, disse neste domingo (01/01), em Brasília, que "não começa apenas um novo ano, mas também uma nova era política" no Brasil com a posse de Luiz Inácio de Lula na Presidência da República.

Steinmeier chegou a Brasília na véspera para participar da cerimônia de posse, marcando uma reaproximação entre a Alemanha e o Brasil após quatro anos de distanciamento e crises durante o governo de Jair Bolsonaro.

Falando a jornalista alemães, incluindo uma equipe da DW, Steinmeier, disse que "é bom saber que o Brasil está de volta aos palcos internacionais".

"Aqui no Brasil não começa apenas um novo ano, mas também uma nova era política. Fico feliz de poder estar na posse do presidente Lula em Brasília. O Brasil vive tempos difíceis. E o presidente eleito vai assumir essa responsabilidade neste momento difícil", disse.

"Nós precisamos do Brasil, precisamos da liderança política brasileira, que o país desempenhe o seu papel. E não apenas na economia, como também na proteção climática global. E eu fiquei feliz de constatar que o presidente eleito quer desempenhar esse papel com o Brasil. É bom estar de volta ao Brasil. É bom saber que o Brasil está de volta aos palcos internacionais”, concluiu o presidente alemão.

No sábado, Lula e Steinmeier também tiveram encontro bilateral amistoso.

A participação na posse não marcou o primeiro encontro entre Lula e Steinmeier. Os dois já se encontraram em outras ocasiões, como numa viagem de Steinmeier ao Brasil em 2006, quando o alemão ocupava o cargo de ministro das Relações Exteriores do primeiro governo da ex-chanceler federal Angela Merkel.

Em 2012, quando Lula já havia deixado a presidência e Steinmeier passou a ocupar o posto de líder da oposição ao segundo governo Merkel, os dois participaram em Berlim de um debate promovido pela Fundação Friedrich Ebert, entidade ligada ao Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), a sigla do atual presidente alemão.

Em 2015, quando Steinmeier havia voltado a ocupar o posto de ministro no terceiro governo Merkel, eles se encontraram novamente, desta vez no Brasil.

A viagem de Steinmeier ao Brasil deve durar três dias. No dia seguinte à posse, o presidente alemão vai viajar a Manaus acompanhado da ministra alemã do Meio Ambiente, Steffi Lemke.

Em um comunicado divulgado em dezembro, a presidência alemã afirmou que, com a visita à Amazônia, Steinmeier vai reafirmar "o apoio alemão à proteção da floresta tropical" e destacar "sua importância para a política climática internacional".

Apesar de, como chefe de Estado, o presidente da Alemanha possuir atribuições executivas, seu papel é quase apenas simbólico. A Lei Fundamental (Grundgesetz) da Alemanha lhe garante a competência de assinar acordos e tratados internacionais, mas a política externa cabe ao governo, chefiado pelo chanceler federal, posto atualmente ocupado por Olaf Scholz.

Reaproximação após Bolsonaro

Os gestos de Berlim em relação a Lula, incluindo a participação de Steinmeier na posse, contrastam com a deterioração das relações entre Brasil e Alemanha durante a presidência de Jair Bolsonaro.

Nos últimos quatro anos, os dois países se distanciaram, especialmente em temas como proteção ambiental. Nem Angela Merkel nem o atual chanceler federal, Olaf Scholz, visitaram o Brasil enquanto Bolsonaro ocupou o Planalto. O brasileiro também não foi convidado para realizar uma visita de Estado ao país europeu.

Bolsonaro também protagonizou vários ataques verbais ao governo alemão, especialmente quando Berlim cobrou mais proteção ambiental no Brasil. O governo brasileiro também promoveu mudanças unilaterais na gestão do Fundo Amazônia, que conta com recursos da Alemanha e da Noruega, provocando críticas dos dois países e paralisando o programa. Diante do desmonte de políticas ambientais no Brasil, Berlim também congelou o envio de recursos para programas ambientais ao país sul-americano durante a era Bolsonaro.

Entre os decretos assinados neste domingo por Lula logo após a posse, estava uma medida para restabelecer o Fundo Amazônia. No mesmo dia, o presidente Steinmeier anunciou que a Alemanha irá liberar 35 milhões de euros para o fundo, como um sinal imediato de cooperação com o governo Lula . "O governo alemão decidiu que 35 milhões de euros, do orçamento alemão, serão liberados para o Fundo Amazônia. Esse é um sinal que queremos mandar já", disse Steinmeier.

Em 2019, a então chanceler federal Angela Merkel disse que via com "grande preocupação" a situação no Brasil sob Bolsonaro. Em 2020, o governo alemão ainda admitiu que a cooperação com o governo federal brasileiro em áreas como política ambiental e assistência aos povos indígenas estava sendo cada vez mais difícil.

Embora os atritos entre os dois países não tenham sido tão explícitos como os enfrentados pela França com Bolsonaro, o SPD, que participava da coalizão de Merkel e atualmente lidera o governo alemão, não escondeu sua preferência por Lula durante a campanha eleitoral. Em novembro de 2021, Olaf Scholz chegou a se encontrar com o petista em Berlim após o resultado da última eleição alemã, quando ainda negociava a formação do atual governo. Diversas figuras do SPD também manifestaram solidariedade a Lula enquanto o petista esteve preso.