A campanha começou na segunda-feira (15.07.) e termina na sexta. Complementa a primeira realizada em abril, depois de se registarem vários casos da doença após a passagem do ciclone Idai.
Nesta segunda fase, o objetivo é imunizar 850 mil pessoas que vivem na cidades da Beira e Dondo e nos distritos de Nhamatanda, Buzi, Cheringoma e Mwanza. Nos primeiros dias, muitas pessoas compareceram às brigadas de vacinação fixas e móveis para tomar a vacina.
Adesão à segunda fase da vacinação contra a cólera tem sido grande
Importância da segunda dose
O diretor-geral adjunto do Instituto Nacional de Saúde, Eduardo Samugudo, alerta que a segunda dose é importante porque prolonga a imunidade: "Todos os indivíduos que receberão as duas doses - que receberam em abril e vão receber a segunda agora - terão uma imunidade de até cinco anos".
Tendo em conta que a época chuvosa se aproxima, Samudugo apela à adesão em massa a esta segunda fase.
"A época chuvosa aumenta o risco de doenças transmitidas, doenças diarreicas, particularmente a cólera. [Tomar] esta segunda dose da vacina é urgente", afirma.
O diretor provincial de Saúde, Chico Farmela, reforça o apelo à população para tomar a segunda dose: "A responsabilidade de adesão a esta campanha é de todos. É importante que cada um se vacine contra esta doença".
Segundo estatísticas do Governo, a primeira dose teve uma cobertura de 98%.
Medidas complementares
Frederico Brito, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), adverte, no entanto, que só a vacina não chega. "A vacina contra a cólera é uma medida complementar de um conjunto de outras medidas que devem continuar a ser levadas a cabo, como o reforço no acesso à água potável e do saneamento, para que o fator principal de risco para a ocorrência dessas doenças seja eliminado", adverte.
Esta campanha de vacinação chega num momento em que já não são registados muitos casos de cólera na província de Sofala. Após a passagem do ciclone Idai e as consequentes inundações, foram diagnosticados mais de 700 casos da doença, com oito óbitos.
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Zambézia: Centros para vítimas de inundações sob pressão
Visitas de rotina
Cerca de 20 médicos e especialistas deslocaram-se este sábado (30.03) aos centros de acomodação de Dhugudiua e Namitangurine - este último, onde há um maior aglomerado populacional refugiado das cheias na Zambézia. Os profissionais de saúde juntaram-se numa ação solidária para minimizar os problemas da população. A campanha é rotineira, para controlar eventuais surtos.
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Zambézia: Centros para vítimas de inundações sob pressão
Problemas de saúde
Doenças respiratórias, malária e diarreias afetam muitas das vítimas das inundações refugiadas nos centros de acomodação de Namitangurine e Dhugudiua, distrito de Nicoadala. No centro de Dhugudiua, criado este mês, em média, são atendidos 30 pacientes por dia. A maioria apresenta estes problemas de saúde, segundo autoridades sanitárias.
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Zambézia: Centros para vítimas de inundações sob pressão
Uma tenda para dez pessoas
Segundo as autoridades comunitárias dos centros de reassentamento, uma tenda abriga dez pessoas. A insuficiência de tendas agravou-se nas últimas semanas e as cheias na sequência do ciclone Idai colocaram ainda mais pressão sobre as instalações. O centro de Namitangurine recebe desalojados das inundações desde 2012. Acolhe atualmente mais de mil famílias.
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Zambézia: Centros para vítimas de inundações sob pressão
Casas e bens destruídos
No centro de Dhugudiua, a cerca de 45 quilómetros da cidade de Quelimane, vivem cerca de 80 famílias, acomodadas em tendas. São, na maioria, crianças e mulheres que foram transferidas da zona de Musselo, depois de verem as suas palhotas e bens destruídos pela força das águas no início deste mês.
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Zambézia: Centros para vítimas de inundações sob pressão
Infraestruturas de lona
Além de servirem de moradia para as vítimas das inundações, algumas das tendas nos centros de reassentamento funcionam como unidades sanitárias permanentes e outros serviços sociais.
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Zambézia: Centros para vítimas de inundações sob pressão
Cozinha para todos
Os desalojados no centro de reassentamento em Dhugudiua partilham a mesma cozinha para confeccionar alimentos. No chão, os conjuntos de três pedrinhas separadas por 10 centímetros são fogões a lenha improvisados.
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Zambézia: Centros para vítimas de inundações sob pressão
Falta proteína
Há comida suficiente, mas a alimentação não é a ideal no centro de Dhugudiua. Os desalojados dizem que recebem farinha, arroz e outros donativos de diferentes organizações e doadores singulares, mas não há peixe e o feijão não chega para todos os agregados familiares. O caril é feito quase sempre à base de verduras.
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Zambézia: Centros para vítimas de inundações sob pressão
Mil litros de água
O abastecimento de água para tomar banho e lavar roupa e loiça é garantido por um tanque móvel de mil litros instalado no local.
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Zambézia: Centros para vítimas de inundações sob pressão
Controlar as condições de higiene
No distrito de Nicoadala, há cerca de 20 ativistas destacados exclusivamente para controlar a higiene nos centros de acomodação. A missão é vigiar o tratamento da água utilizada pelas famílias, a limpeza das tendas e sensibilizar os moradores do centro para as boas práticas de higiene para evitar surtos de cólera e malária.
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Zambézia: Centros para vítimas de inundações sob pressão
Uma vida de desespero
Apesar do apoio que recebem nos centros de reassentamento, muitas famílias dizem-se desesperadas: não têm como começar a reconstruir as suas habitações e regressar à vida normal. A maioria dos homens não tem emprego. Muitos viviam da carpintaria e da serralharia nos locais onde viviam e, aqui, não têm onde ir para pedir financiamento. As mulheres choram a perda das suas machambas.
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Zambézia: Centros para vítimas de inundações sob pressão
À espera de terras
Nos centros de reassentamento, os desalojados aguardam a distribuição de terrenos. Muitos não perdem a esperança de serem colocados em zonas mais seguras, em áreas menos propensas a cheias, tal como prometeram as autoridades provinciais da Zambézia.
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Zambézia: Centros para vítimas de inundações sob pressão
Voluntários satisfeitos
Os médicos que se deslocaram aos centros de reassentamento nesta missão voluntária mostram-se satisfeitos pela adesão popular aos serviços prestados, principalmente de testes voluntários de HIV e malária. Os profissionais de saúde atenderam ainda pacientes com várias queixas,desde dores nas articulações a dores de barriga, e prestaram serviços de oftalmologia.
Autoria: Marcelino Mueia (Quelimane)