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O sistema antiaéreo soviético que terá falhado na Polónia

Frank Hoffmann
Publicado 18 de novembro de 2022última atualização 18 de novembro de 2022

O míssil que explodiu em Przewodów, na Polónia, provavelmente veio do sistema de defesa antiaérea S-300. O que é este sistema e por que é propenso a erros?

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Sistema de defesa antiaérea S-300 do Exército russo
Foto: Donat Sorokin/ITAR-TASS/imago

O sistema antiaéreo S-300, desenvolvido na União Soviética, foi usado pela primeira vez por Moscovo no final dos anos 1970. Foi usado em quase toda a Europa de Leste até à queda da Cortina de Ferro e ao fim da Guerra Fria em 1991. De acordo com cálculos do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), só a Ucrânia estaria na posse de mais de 250 S-300s pouco antes da Rússia invadir a Ucrânia, a 24 de fevereiro.

Esse cálculo não inclui os S-300s nas reservas da NATO, que foram entregues como parte da ajuda militar à Ucrânia. No início do ano, os EUA pediram aos aliados da Ucrânia que integram o chamado grupo de contacto da Ucrânia para entregarem a Kiev mais S-300s, que eram propriedade da NATO no Leste europeu. Em abril, a Eslováquia – membro da NATO desde 2004 – entregou um sistema de quatro lança-mísseis móveis juntamente com o radar correspondente. Em troca, a Alemanha transferiu sistemas antiaéreos Patriot para a Eslováquia. Esta foi uma das primeiras "trocas de anéis" por meio das quais parceiros ocidentais disponibilizaram antigos equipamentos soviéticos para a Ucrânia.

"O S-300 é um sistema fácil para os ucranianos integrarem", escreveu o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) em outubro. O sistema antiaéreo é usado pelas Forças Armadas ucranianas há muitos anos. Mas será "difícil encontrar sistemas adicionais" para continuar a apoiar a Ucrânia com sistemas de defesa antiaérea, afirmou o centro de pesquisa norte-americano numa análise sobre as opções ocidentais.

Há muito que a Ucrânia usa o sistema IRIS-T, produzido na Alemanha e que é provavelmente o mais moderno sistema móvel de defesa antiaérea terrestre contra disparos de mísseis. E mais sistemas do género deverão ir a caminho. Mas a defesa antiaérea em muitas áreas da Ucrânia continua a depender do antigo S-300. Não se sabe, no entanto, quantos dos sistemas soviéticos originais foram destruídos por ataques de mísseis russos desde fevereiro de 2022. Kiev mantém-se em silêncio sobre as perdas técnicas.

Unternehmensbild Diehl Defence | Thema - Ukraine erhält Luftverteidigungssystem Iris-T aus Deutschland
Sistema de defesa aérea IRIS-T entregue à UcrâniaFoto: Diehl Defence/abaca/picture alliance

No passado, a indústria de defesa da Rússia competia no mercado mundial com os sistemas de defesa antiaérea Western Patriot. O sistema S-400 – o modelo mais recente do S-300, que tem sido constantemente modernizado desde a década de 1970 – é fabricado na Rússia desde 2004.

Míssil disparado da Ucrânia contra a Polónia

Segundo o Governo polaco, o míssil que matou, na terça-feira (15.11), duas pessoas na aldeia de Przewodów, junto à fronteira ucraniana, era um "míssil muito antigo de fabricação russa". O míssil foi "provavelmente" disparado pela Ucrânia, afirmou o Presidente polaco, Andrzej Duda. Os alcances dos vários sistemas S-300 terrestres variam de 75 a 195 quilómetros.

Polen, Przewodow | Raketeneinschlag nahe der ukrainischen Grenze
Local na Polónia onde caiu o míssil de origem ainda desconhecida, na terça-feiraFoto: UGC via REUTERS

Antes do intenso bombardeamento de terça-feira, o oeste da Ucrânia foi repetidamente atacado pela Rússia. A base militar ucraniana de Yavoriv, ​​bem como infraestruturas energéticas foram dois dos alvos. Localizada a cerca de 90 quilómetros a sul do local de impacto do míssil em Przewodów, Yavoriv foi a base militar mais ocidental da União Soviética até ao fim da Guerra Fria.

Não está claro se o míssil foi lançado de lá ou de outro local no oeste da Ucrânia, possivelmente para evitar um ataque russo, e depois falhou.

Numa entrevista coletiva na quarta-feira, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse que "não queria entrar em detalhes" sobre o que aconteceu em Przewodów "porque a investigação está em curso". Continua sem se saber se estilhaços de um míssil de um possível ataque russo também teriam sido encontrados no local além do míssil que se acredita ter sido disparado pela Ucrânia, ou se o míssil aparentemente desviado foi intercetado pelo escudo protetor da NATO no sudeste da Polónia.

Artigo original em alemão. Versão atualizada às 15:12 (CET) de 18 de novembro de 2022.

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