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Moçambique: Ministro alerta jovens para falsos empregos

Lusa
9 de janeiro de 2023

Segundo o governante, os jovens enganados com promessas de emprego "estão a ser levados para Cabo Delgado para fazerem parte dos terroristas" e chegados à província são "obrigados a matar e a destruir o património" .

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Mosambik Verteidigungsminister Cristóvão Artur Chume
Foto: Roberto Paquete/DW

O ministro da Defesa de Moçambique pediu hoje que os jovens "não se deixem enganar" por falsas promessas de emprego, alertando que os "enganados" estão a morrer em Cabo Delgado, província aterrorizada por ataques armados há cinco anos.

"Jovens não se deixem enganar. Muitos dos nossos irmãos enganados estão a morrer em Cabo Delgado vítimas da guerra porque acreditaram que iam ter emprego", disse Cristóvão Chume, durante a cerimónia de lançamento do recenseamento militar em Malema, na província de Nampula, norte de Moçambique.

Segundo o governante, os jovens enganados com promessas de emprego "estão a ser levados para Cabo Delgado para fazerem parte dos terroristas" e chegados à província são "obrigados a matar e a destruir o património" moçambicano.

O ministro da Defesa de Moçambique pediu ainda que os jovens adiram ao recenseamento militar, que decorre desde terça-feira e até 28 de fevereiro, referindo que é da sua responsabilidade defender a "soberania e integridade territorial".

"Não esperem que venham cidadãos de outras nações para defenderem a nossa soberania e integridade territorial porque o país é nosso", frisou Cristóvão Chume.

O Ministério da Defesa de Moçambique espera recensear 221.140 jovens este ano, mais do que os 220 mil recenseados em 2022.

Präsident von Mosambik besucht Militärstützpunkt
A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada Foto: Roberto Paquete/DW

Vontade de travar insurgência leva jovens às filas do recenseamento militar 

Osmane Lourenço, 22 anos, juntou-se à longa fila de jovens que se querem recensear para o serviço militar em Cabo Delgado com uma única missão: entrar nas Forças Armadas para combater os rebeldes que devastaram a sua terra natal.

"Eu quero encarar estes tipos, eles fizeram-me sair da minha terra sem qualquer razão lógica", explica à Lusa Osmane Lourenço, no meio de dezenas de jovens que se querem recensear.

São 07:00  e Osmane está entre os primeiros da longa fila que marcou o arranque do recenseamento militar em Mieze, no distrito de Metuge, a 25 quilómetros da capital provincial de Cabo Delgado (Pemba).

Osmane Lourenço lembra com dor sobre a "barbaridade" das incursões rebeldes que obrigaram a fugir de Macomia há dois anos e, hoje, vivendo como deslocado em Metuge, a ambição é voltar para casa, mesmo que para isso tenha de pessoalmente pegar em armas.

"Eu quero voltar para lutar pela minha terra”, frisa o jovem visivelmente de revoltado como uma guerra "sem fundamentos plausíveis".

Não muito longe de Osmane, Martina Simão, 19 anos, prepara o seu bilhete identidade porque é a próxima da fila e, embora se considere motivada, não esconde algum receio, caso seja uma das alistadas.

Durante a cerimónia de lançamento do recenseamento em Metuge, o secretário de Estado de Cabo Delgado lembrou que a província é a terra dos "heróis", em alusão ao facto de ter sido a província em que a luta de libertação colonial começou em 25 de setembro de 1964, com ataque a uma posição das Forças Armadas portuguesas no Posto Administrativo de Chai, em Macomia.

"Cabo Delgado é terra dos combatentes, de heróis, de valentes nacionalistas e o berço da luta de libertação nacional. Aspiramos continuar a gerar combatentes pela paz e pelo desenvolvimento”, disse António Supeia.

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