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"Moçambique está preparado para explorar petróleo" diz especialista

Nádia Issufo5 de dezembro de 2013

Comercialização de petróleo extraído em Inhambane, província do sul de Moçambique, é inédita no país. Anúncio foi feito por empresa sul-africana e é visto com bons olhos por um especialista ouvido pela DW África.

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Foto: ENI East

A Sasol anunciou que, a partir de 2014, vai começar a comercializar petróleo extraído na província moçambicana de Inhambane. A multinacional sul-africana, que já explora gás também nesta província, concluiu em março um programa de avaliação durante o qual foram extraídos mais de 236 mil barris de petróleo na região de Inhassoro, o que lhe permitiu comprovar a viabilidade do projeto. Esta deverá ser a primeira exportação de petróleo em Moçambique.

A DW África ouviu William Telfer, especialista em hidrocarbonetos, que vê com bons olhos esta nova perspetiva económica.

DW África: Há diferenças entre a produção em terra e em mar?

William Telfer (WT): A única diferença é a logística que está por trás da extração. O petróleo em terra envolve menos logística do que o petróleo em mar. As características do petróleo tanto podem ser iguais como diferentes. Há vários tipos de petróleo: o light, o mais pesado...a formação geológica é praticamente a mesma. O que difere é a logística que se emprega para a extração.

DW África: Segundo a Sasol, concluiu-se em março um programa durante o qual foram extraídos mais de 236 mil barris de petróleo em Inhassoro. Sobre as quantidades aqui existentes, o que é que se pode dizer?

WT: Eles estão a fazer furos para a descoberta de gás. De certeza que atingiram líquido e mudaram o cenário, o equipamento. À medida que se vai perfurando, vai saindo líquido, vai-se fazendo a contagem. Mas se só retiraram 236 mil barris, isto faz-me crer que é um furo. Não acho que seja uma quantidade grande nem pequena. Se é petróleo comercial, como anunciaram, têm muito boas probabilidades de encontrá-lo. Sempre disse que existia. Mas não podemos atrapalhar-nos com os 236 mil barris. Não é nada que permita fazer a avaliação da capacidade de um poço.

DW África: Este petróleo é economicamente viável na província de Inhambane?

WT: Com certeza. Se anunciaram a descoberta comercial, é muito viável. Vamos supor que este poço de onde saíram os 236 mil barris tem uma capacidade de produção de 10 mil barris por dia. Vamos supor que Moçambique tem 100 poços: é um milhão de barris por dia. É quase a produção de Angola e da Nigéria. Não é pouco, é muito bom. E vamos ouvir falar, em breve, de mais descobertas que vão multiplicar a quantidade de poços.

DW África: Quais são as consequências da extração deste petróleo para o país?

WT: Vai trazer muito bons resultados. Moçambique está a passar por uma transformação: tem hoje uma massa crítica muito forte. E a vontade do moçambicano de fazer bem ao seu país também aumentou.

DW África: Em termos práticos, o que é que acha que vai mudar com a extração e comercialização de petróleo?

WT: A capacidade de encaixe do país, o Produto Interno Bruto vai crescer. Temos um excelente ministro das Finanças e um excelente vice-ministro. Um quadro muito forte. Moçambique está preparado para começar a explorar grandes quantidades de petróleo. São desafios que sabemos que vamos enfrentar. Medo da guerra? Acho que não. Os moçambicanos pensam à frente. O país está no bom caminho e a exploração do petróleo não vai criar problemas, pelo contrário, vai melhorar o país. E note-se onde é que está: não é em Cabo Delgado, é em Inhambane. Significa que vai haver uma diversificação. Temos também Pemba, Nampula, Sofala...é muito bom, a população também vai beneficiar.

Lastwagen auf der Sambesi Brücke in Tete
Camião transporta petróleo na ponte sobre o rio Zambeze, em TeteFoto: DW/Johannes Beck
Schiffsplattform Saipem 10K
Plataforma de petróleo na Bacia do Rovuma, em Cabo DelgadoFoto: ENI East

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