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Aproximação de Nhongo e Manzoni rumo à paz em Moçambique?

22 de dezembro de 2020

Partidos moçambicanos acreditam que contacto de Mariano Nhongo, líder da Junta Militar dissidente da RENAMO, com o representante da ONU no país, Mirko Manzoni, é um avanço em direção à paz. Analista tem dúvidas.

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 RENAMO Guerillakämpfer in Gorongosa, Mosambik
Foto: DW/A. Sebastiao

Os três maiores partidos políticos afirmam que o contacto entre o representante do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Moçambique, Mirko Manzoni, e o líder da Junta Militar da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Mariano Nhongo, dissidente do maior partido da oposição, abre espaço para a paz na zona centro do país. 

O deputado da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder, Feliz Sílvia, elogia os esforços de Mirko Manzoni para uma paz definitiva. 

Mosambik Mirko Manzoni, UN-Gesandter
Mirko Manzoni, representante do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em MoçambiqueFoto: Romeu da Silva/DW

"Se houve necessidade de Mirko Mazoni aproximar-se a Mariano Nhongo, esse esforço tem de ser feito para vermos se de facto paramos com os ataques armados no país", comenta.

Democracia depende da paz e vice-versa

Já Alberto Ferreira, deputado da RENAMO, o maior partido da oposição, defende que o partido "sempre apoiou" este tipo de encontros para alcançar uma paz duradoura no país.

"Mas há aqui também uma condição de que a paz também depende da democracia, ou seja, o estado democrático que nós temos vai depender da paz", assevera.

Por outro lado, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a terceira maior força política, enfatiza as tentativas de aproximação das partes envolvidas no conflito no centro de Moçambique.

"Precisamos desses sinais de diálogo, de inclusão, de entendimento, porque se pelo menos resolvêssemos o problema da zona Centro, já estaríamos muito mais fortes e muito mais preparados para enfrentar a ameaça de Cabo Delgado", considera o deputado Silvério Ronguana.

Mosambik Anschlag gegen Bus der Organisation PEPFAR
Ataques armados no centro de Moçambique têm aumentado a tensão e medo na regiãoFoto: Bernardo Jequete/DW

Pouca informação sobre o encontro

Para o académico Agostinho Zacarias, que falou em declarações ao canal privado moçambicano de televisão STV, parceiro da DW África, esta aproximação é um passo importante, mas envolto em mistério.

"Lamento que seja insuficiente no sentido de que Mariano Nhongo continua a atuar", adverte.

"O comunicado que veio das Nações Unidas, desculpe-me, mas é bastante pobre, não nos indica de que é que falaram, se falaram por via telefónica", sublinha.

O contacto entre Mirko Manzoni e Mariano Nhongo não foi físico, mas o representante pessoal do secretário-geral da ONU garantiu no domingo (20.12) que o líder dissidente está disposto a dialogar.

Detenção de membros da Junta Militar

As Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FDS) capturaram esta terça-feira (22.12) três homens próximos do líder do grupo dissidente de Mariano Nhongo, um dos quais seu ajudante de campo, anunciou o Presidente moçambicano.

Mosambik Maputo | Filipe Nyusi, Präsident
Filipe Nyusi, Presidente de MoçambiqueFoto: Reuters/G.L. Neuenburg

"Depois de a Junta Militar da RENAMO ter atacado no dia 11 de dezembro, sem vítimas, a viatura do Instituto Nacional de Estatísticas, em Mossurize [Manica], as Forças de Defesa e Segurança capturaram, na zona de Mafambisse [Sofala], três homens da junta, sendo um ajudante de campo de Mariano Nhongo e outros dois seus cozinheiros", disse Filipe Nyusi.

Segundo o chefe de Estado moçambicano, os três homens capturados confessaram que fazem parte do grupo dissidente da RENAMO, acusado de protagonizar ataques armados no centro de Moçambique.

A Junta Militar da RENAMO é acusada de protagonizar ataques armados contra civis e forças governamentais em estradas e povoações das províncias de Sofala e Manica, centro de Moçambique, incursões que já provocaram a morte de, pelo menos, 30 pessoas desde agosto de 2019.

O grupo de Nhongo exige melhores condições de reintegração, a renegociação do acordo de paz de 2019, entre o Governo e a RENAMO, e a demissão do atual líder partido, Ossufo Momade, acusando-o de ter desviado o processo negocial dos ideais do seu antecessor, Afonso Dhlakama, líder histórico que morreu em maio de 2018.

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