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Mamadi: Jovem guineense salta para a ribalta do futebol

5 de fevereiro de 2021

Mamadi jogava nos campos pelados de Mansaba, norte da Guiné-Bissau. Chegou a Portugal em 2019. Impressionou o Feirense em apenas dois jogos. Agora, aos 17 anos, assinou um contrato profissional no Reino Unido.

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Foto: Privat

Chama-se Mamadi Camará, é um jovem do norte da Guiné-Bissau cujo talento futebolístico está a impressionar o mundo do desporto.

O médio tem apenas 17 anos de idade e, na quarta-feira (03.02), assinou o seu primeiro contrato profissional com o Reading Football Club, da segunda Liga Inglesa, válido até ao verão de 2022.

Oriundo de uma família sem as mínimas condições de vida, no interior do país, o jovem prodígio notabilizou-se no futebol de rua em campos improvisados nas estradas ou mesmo nos pelados de Mansaba, onde jogava com os amigos. A mãe trabalhava nas feiras para garantir o sustento da casa, até que, em 2017, a sorte bateu-lhe à porta. Mamadi Camará teve a oportunidade de pôr em evidência aquilo que toda a região norte já sabia, que era dono de um puro domínio de bola.

"A história de Mamadi é incrível", conta à DW África o empresário Eusébio Mango Fernandes.

"Eu estava a fazer a minha incursão pela Guiné-Bissau e, quando cheguei a Mansaba, vi jovens a jogar nos pelados [tapadinhas]. Daí, descobri um talento excecional, com muita qualidade, e não hesitei em abordá-lo para me apresentar à sua família. Só vi um treino dele em Mansaba. Decidi de imediato trazê-lo a Portugal."

Guinea-Bissau Mamadi Camará
Mamadi quando ainda jogava em Mansaba, norte da Guiné-BissauFoto: privat

Quando chegou a terras lusas, fez o primeiro treino no Feirense, equipa nortenha de Portugal, e "impressionou toda a gente".

"O Feirense disse logo: 'este jogador não sai daqui'", afirma Eusébio, ressaltando que, na altura, o jovem ainda nem tinha a documentação necessária para ser admitido nos jogos oficiais do clube.

"É mais uma situação admirável. Ele só podia treinar. Não podia jogar porque aguardava pela nacionalidade portuguesa. Logo que recebeu a nacionalidade, foi integrado para os jogos. Em dois jogos já tinha recebido solicitações dos três clubes grandes de Portugal - Sporting, Porto e Benfica. E já estava pré-convocado para seleção sub-17", explica Eusébio Fernandes.

Covid-19 mudou-lhe os planos 

Em 2020, com as medidas restritivas impostas no contexto da pandemia de Covid-19, as competições foram suspensas e o craque guineense ficou parado, sem conseguir realizar o sonho de mostrar o seu talento ao mais alto nível no futebol europeu.

Mamadi Camara Reading FA Cup
Mamadi impressionou no jogo da Taça ao serviço do Reading Foto: Focus Images/imago images

Até que, em outubro passado, surgiu a oportunidade de jogar nos sub-17 do FC Reading, de Inglaterra. Bastou um treino para saltar de escalões no clube de Londres. Quatro meses depois, assinou contrato.

"Temos o prazer de anunciar que o atacante Mamadi Camará, de 17 anos, colocou a caneta no papel no seu primeiro contrato profissional com os Royals, que vigorará até ao verão de 2022", escreveu o Reading na sua página oficial.

Para o empresário Eusébio Mango Fernandes, esta é uma história inspiradora: "Ele veio de uma família pobre, que vive com algumas dificuldades, com muitas carências, mas uma família humilde. Tem uma mãe batalhadora e um pai com caráter e dignidade".

"Mamadi nem sequer tinha botas e vi-o a jogar uma bola que mais parecia um balão", sublinha o empresário.

Agora, a vida de Mamadi Camará e dos seus familiares mudou radicalmente: "As condições de vida desta família já melhoraram bastante."

"A vida de Mamadi em Mansaba e a vida dele em Londres é totalmente diferente. Está a viver noutra dimensão. É uma pessoa que gosta de ajudar e, neste momento, está dar uma grande ajuda à sua família. É um miúdo pacato", conclui. 

Mamadi Camará - Fußballspieler
Dia em que Mamadi deixou a Guiné-Bissau à procura de realizar o sonho da infânciaFoto: Privat
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