1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Eleições autárquicas em Moçambique mergulhadas na incerteza

Issufo, Nádia Adamo12 de setembro de 2013

Em Moçambique, reinam dúvidas em relação às eleições autárquicas. A RENAMO continua a ameaçar impedir a sua realização. Enquanto isso, partidos políticos já submeteram as candidaturas para as autárquicas.

https://p.dw.com/p/19gl9

Por outro lado, as negociações entre a RENAMO, maior partido da oposição, e o Governo com vista a por fim à tensão política - e que podem garantir eleições pacíficas - arrastam-se há meses com um finca pés das duas partes.

Pode-se tirar alguma mensagem desta atitude? Em entrevista à DW África, o analista político Calton Cadeado responde a esta e outras perguntas.

DW África: Estaria o Governo moçambicano a desvalorizar as ameaças da RENAMO?

Calton Cadeado: Prefiro não considerar que é ignorar as ameaças. Prefiro sim considerar que as instituições estão a funcionar conforme o previsto. E porque digo isso? As pessoas estão a desacreditar as instituições ou a desacreditar as pessoas? É isso que não está claro. E para mim, como processo normal de uma democracia que deve funcionar bem, isto está a acontecer dentro da normalidade.

DW África: Com toda essa situação, as eleições presidenciais e legislativas do próximo ano também estão em risco?

CC: Não acredito que estas deste ano e nem as do próximo ano estão em risco. Não estou a menosprezar a ameaça da RENAMO, mas estou a dizer que as instituições têm que funcionar.

E o que proponho como alternativa ao que está acontecer? As negociações, conversações ou diálogos - independentemente do nome que se estiver a dar a isso e do valor político que isso tiver - elas têm que continuar a produzir alguma alternativa para estabilizar ou acalmar a tensão que se vive neste momento.

Para o efeito, as eleições deste ano têm de acontecer e qualquer outro acordo político que for criado dentro das negociações tem de se contar a partir de 2014 para frente.

Então, que não se faça nada que sirva de obstáculo ao funcionamento das instituições que já estão a ocorrer normalmente neste momento. Portanto, para mim as eleições detes ano vão ocorrer, os dados que tenho indicam isso.

DW África: Há ligeiras desconfianças de que o Presidente Armando Guebuza queira ou possa retardar as negociações com a RENAMO com vista a manter-se no poder por mais tempo. Há algum fundamento nesta especulação?

CC: Todas as especulações têm a sua razão de ser. Faço fé nas palavras que ouvimos do chefe de Estado, segundo a qual não se vai recandidatar. Mas, os outros que estão a colocar as tentativas de manutenção de poder por outras vias nalguma momento podem fazer uma especulação que tem um valor político, que é uma mensagem que pretendem transmitir, mas tem um alvo a antingir.

Mas é isso que não está claro. Parece que há uma tentativa de atacar as pessoas e não discutir instituições. Por isso é que defendo, muitas vezes, as instituições devem funcionar, as aleições têm de acontecer com respeito ao funcionamento destas instituições por tudo o que têm estado a fazer até agora.

Se queremos descredibilizar e questionar as pessoas, tem que ser um ataque ataque dirteto e claro.

DW África: Pode-se dizer que a força da RENAMO se reduz ao poder das armas, ou os agumentos e posições que o partido apresentam são realmente válidos e sólidos e as armas, neste caso, serão apenas um instrumento de pressão?

CC: Tenho para mim que a RENAMO tem alguma razão nas suas reclamações, mas não podemos absolutizar as razão da RENAMO nas suas reclamações. Por que? A RENAMO está a colocar assuntos que há muito tempo já deveriam ter sido discutidos em fórum próprio. Neste caso, estamos a falar das instituições.

Dois: Sem dúvidas que a maior força que a RENAMO ainda tem neste momento são as armas. É por isso que ela não aceita colocar esse como um ponto de discussão na mesa de negociações neste momento.