1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Jovens de Cabo Delgado querem mais emprego

16 de setembro de 2019

Os cabeças de lista dos três principais partidos políticos moçambicanos ao cargo de governador provincial prometem satisfazer os pedidos dos jovens, mas antes pedem os seus votos.

https://p.dw.com/p/3Pggt
Mosambik FRELIMO-Kampagne in Cabo Delgado
Foto: DW/D. Anacleto

Na província nortenha de Cabo Delgado, os jovens querem que o futuro governo provincial acabe com a corrupção na função pública, crie postos de trabalho e elimine o conflito armado que se vive em alguns distritos da província nortenha desde 2017.

Simão Simão é um jovem de 27 anos de idade. Concluiu há cinco anos o nível médio de escolaridade, mas até a data não encontrou emprego.

Neste momento dedica-se a venda de carvão vegetal num dos mercados grossistas da cidade de Pemba, capital de Cabo Delgado. Um dos maiores sonhos de Simão é ingressar no curso de formação de professores, para ajudar a desenvolver o país, mas não tem condições. Ao futuro elenco do governo provincial, Simão pede mais postos de trabalho para a juventude.

"Eu tenho a 12ª classe, mas até agora não tenho nenhum trabalho é por isso que vendo carvão (…) aqui em Cabo Delgado nós estamos mal por causa dos Alshababe [grupo de insurgentes] ”, relatou Simão Simão, para quem "em Mucujo para um cidadão sair de lá para Macomia deve ser escoltado pela polícia ou militares.”

Mosambik Anwohner von Pemba
Simão SimãoFoto: DW/D. Anacleto

Jovens pedem mais empregos

Samuel Martinho é outro jovem que a DW África encontrou arredores da cidade de Pemba. É revendedor de recargas de telemóveis há alguns anos, mas lamenta que "desde que comecei, até agora não apanhei nada [referindo-se aos lucros]. Peço ao próximo executivo da província ajude-nos na criação de empresas”.

À semelhança dos dois primeiros, Dul Ossufo, é outro jovem que sobrevive da atividade de moto-taxi na cidade de Pemba. A sua preocupação é com os níveis de corrupção que o impedem de ingressar no aparelho do Estado.

"Principalmente para nós pobres que não temos nada, terminamos o nível médio, mas para termos emprego torna-se difícil. Então, gostaria que o nosso governo combatesse aquela coisa de subornos.”

Os nossos entrevistados querem que as promessas eleitorais feitas pelos candidatos à cargo de governador da província, sejam transformadas em água, alimento, educação de melhor qualidade e serviços de saúde mais humanizados.

Candidatos atentos aos problemas da província

A DW África, que acompanha o pulsar da campanha eleitoral, ouviu os três candidatos a governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo da FRELIMO, Ângela Maria Eduardo, da RENAMO e José de Avelino que lidera a lista do MDM sobre os seus projetos caso sejam sufragados no escrutínio de 15 de Outubro próximo.

José de Avelino que lidera a lista do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) a Assembleia provincial de Cabo Delgado pretende modernizar a agricultura nesta região do país.

Mosambik FRELIMO-Kampagne in Cabo Delgado | Valige Tauabo
Valige Tauabo da FRELIMOFoto: DW

Diz não ser concebível que durante mais de quarenta anos de independência, o Moçambique não consiga tornar a agricultura como motor para o desenvolvimento.

"É preciso investir na mecanização agrícola e assistir os produtores de modo a aumentar a produção e produtividade”, diz o membro do MDM apontando que "também temos que abrir estradas para os locais de produção para permitir a comercialização. O que acontece é que as pessoas não fazem a agricultura porque elas produzem, mas não comercializam os produtos por falta de vias de acesso.”

Por seu turno, Valige Tauabo da FRELIMO propõe incentivar os jovens para a criação do auto-emprego. Mas também promete combater a corrupção.

 "Nós vamos prosseguir com o apoio as iniciativas de auto-emprego, através da criação de micro e pequenas empresas. Vamos incentivar a promoção do trabalho e emprego dando destaque a força de trabalho dos jovens moçambicanos para reduzir o desemprego”, disse Tauabo.

Combate cerrado a corrupção

O candidato da FRELIMO quer acabar com a corrupção "vamos promover a integridade, ética e deontologia profissional no sector público. Desta forma consolidaremos a cultura de transparência, prestação de conta e responsabilização.”
A RENAMO também elegeu o combate à corrupção na província de Cabo Delgado como o seu "cavalo de batalha”, segundo garantiu Alberto Kavandame é porta-voz da cabeça de lista da RENAMO, Ângela Maria Eduardo.

Mosambik FRELIMO-Kampagne in Cabo Delgado | Angela Maria Eduardo
Ângela Maria Eduardo - Cabeça de lista da RENAMOFoto: DW

"No nosso futuro governo vamos combater severamente no verdadeiro sentido da palavra a corrupção porque sabemos como se manifesta. E vamos empregar a juventude. Temos muitos rios e barragens que não são aproveitados. Estas barragens e rios podem produzir quatro vezes por ano. A nossa cabeça de lista tem na mente o incentivo de associações para poderem cultivar aquelas terras e produzirmos não só para o nosso sustento mas também para podermos exportar.”

Ataques dos insurgentes preocupa candidatos cabeças de lista

A província de Cabo Delgado tem sido assolada pela onda de ataques armados protagonizados por indivíduos cuja identidade ainda não é do domínio público, resultando em mortes, destruição de habitações e dos meios de sobrevivência das comunidades.

A justiça moçambicana já condenou cerca de 130 insurgentes em conexão com o caso. Mas o fenómeno continua a acontecer. Como pensa em lidar com esta situação caso seja eleito? Foi a pergunta que fizemos os três principais concorrentes ao governo provincial.

Valige Tauabo da FRELIMO promete aumentar a vigilância, através de um programa que no seu manifesto eleitoral chama de autodefesa das comunidades.

"Vamos criar mecanismos que possibilitem a comunidade a compreender o mal que existe para poder ter todas as ferramentas de autodefesa a partir da vigilância haver denúncias e o Governo através das Forças de Defesa e Segurança em tempo útil chegar junto das comunidades de modo a dissipar qualquer situação.”

O MDM e a RENAMO advogam que o diálogo é a melhor via para acabar com os ataques nos distritos da região norte de Cabo Delgado.

Mosambik FRELIMO-Kampagne in Cabo Delgado | José de Avelino
José de Avelino - Cabeça de lista do MDMFoto: DW

"A força não resolve o problema. Para resolver o problema temos que entrar em negociações e conhecendo as motivações é fácil encontrar soluções. Se continua assim, muitos investidores acabarão por ficar retraídos”, destaca José de Avelino.
Para o porta-voz da RENAMO, Alberto Kavandame "nós como a RENAMO se ganharmos as eleições vamos procurar saber quem são na verdade, e o que eles querem e quais são as saídas”, afirma por seu lado Kavandame.

"(…)teremos que apanhar o financiador dos insurgentes” – disse Nyusi

A campanha eleitoral às gerais de 15 de outubro entra nesta segunda-feira (16.09), ao seu décimo sétimo dia. O candidato presidencial da FRELIMO, Filipe Nyusi, iniciou no sábado (14.09), uma digressão pela província de Cabo Delgado na caça ao voto.

No dia seguinte, no distrito de Chiure, cuja autarquia está a ser governada pela RENAMO, Filipe Nyusi, voltou a manifestar-se preocupado com os ataques armados naquela província "esses que estão a fazer confusão aqui em Cabo Delgado se mostrarem a cara a gente há-de ir ter com eles. Porque agora não se sabe, o financiador deste grupo, teremos que apanhar essa pessoa também.”

Enquanto isso, o balanço da primeira quinzena da campanha eleitoral, a polícia fala de um ambiente ordeiro propiciado pelo civismo das caravanas. Augusto Guta é o chefe das Relações Públicas no Comando Provincial da PRM em Cabo Delgado.

"Lamentamos apenas o fato de primeiro dia de campanha, no espaço entre uma a duas horas de madrugada ter acontecido um acidente de viação vitimando alguns dos membros de partidos que se encontravam a colar panfletos.Uma experiência muito boa na província de Cabo Delgado é que quando as caravanas colidem ou quando se cruzam, até abraçam-se, dão-se mão numa ligeira interpretação de que a campanha é um período de festa e amizade.”

Eleições moçambicanas: Cabo Delgado jovens querem mais emprego

Benefícios dos recursos naturais

De acordo com o censo populacional de 2017, Cabo Delgado possui 2.32.0261 habitantes. São pessoas que aguardam com enorme expectativa os dividendos da exploração dos recursos minerais e petrolíferos abundantes na província. Os Valige Tauabo tem um plano para o acesso à riqueza por parte da população.

"Criaremos um modelo triangular onde vão se concentrar o Governo, os investidores e a comunidade num único ponto”, disse o candidato da FRELIMO, explicando que " o modelo vai permitir criar uma mútua interecao entre o Governo, Comunidade e os investidores”, garante, Valige Tauabo.

A RENAMO quer que os benefícios dos recursos naturais que a província de Cabo Delgado tem sirvam para a juventude, "vamos trabalhar no sentido de alavancar a juventude. Empregarmos as mamas e o povo em geral, mas abraçando a população nativa”, prometeu Alberto Kavandame, porta-voz de Ângela Maria Eduardo.
Enquanto isso, o MDM quer maior envolvimento das comunidades locais na tomada de decisões e de gestão dos recursos naturais, segundo José de Avelino. "O que acontece quando as pessoas descobrem que ai há recursos naturais descobertos pela população, retiram essa população e entregam qualquer singular. Isso não pode ser assim.”

Saltar a secção Mais sobre este tema