Moçambique: Atrasa reforma de estádio financiado pela FIFA
11 de janeiro de 2021Os desportistas de Inhambane estão indignados pela demora na reforma do estádio municipal na cidade de Maxixe, que tem capacidade para cerca de 2.500 espectadores. O projeto de reabilitação e requalificação é da Federação Moçambicana de Futebol (FMF), mas conta com recursos da Federação Internacional de Futebol (FIFA), que se prontificou a financiar as obras orçadas em 45 milhões de meticais, o equivalente a quase 500 mil euros.
Fernando Bambo, presidente do Conselho Municipal de Maxixe, disse à DW que a demora das obras não preocupa apenas desportistas e munícipes, mas também a estrutura governamental, dando culpa à FIFA. "Mesmo nós, como dirigentes, ficamos preocupados quando anunciamos a obra para depois não acontecer do momento, mas também tem de ver com a própria FIFA".
Vitorino Xavier, porta-voz e presidente da Associação Provincial de Futebol em Inhambane, diz que a demora dos trabalhos é da própria FIFA. "Neste momento está a FIFA a tratar dos assuntos do campo de Maxixe. Há um item que não tinha sido incluso quando se lançou o concurso ao nível nacional. É por isso que foi lançado o novo concurso. É por isso que as obras não arrancaram", explica Xavier.
Duas empresas já teriam sido adjudicadas e habilitadas para a execução dos trabalhos, mas os contratos foram anulados na última hora por motivos administrativos, sendo lançado outro concurso em outubro de 2020 para apurar nova empresa.
Frustração entre futebolistas
Alguns acusam a Federação Moçambicana de Futebol de ser negligente numa altura em que a cidade não tem outro campo. O futebolista Fernando Rafael disse à DW que não sabe os motivos da demora, uma vez que se fez o lançamento da "primeira pedra” para o inicio dos trabalhos no mês de agosto de 2020.
"Eu estou aqui há mais de quinze anos a treinar e a jogar neste campo. O atraso na reabilitação, nós também não estamos a entender. Porque vimos o lançamento da pedra e pensávamos que as coisas deviam sair o mais rápido possível, mas há demora", explica.
Joaquim Alexandre, outro futebolista em Maxixe, acredita haver negligência da FMF e exige informações à empresa adjudicada, porque - caso o cronograma de obras fosse respeitado - a reforma estaria quase no fim. "Realmente não temos informação, estamos aqui a correr à revelia. Era suposto que as obras estivessem num ritmo avançado até aqui", diz o desportista, entrevistado no estádio de Maxixe.
O campo está aberto para o acesso das pessoas, mas não oferece as mínimas condições de saneamento para que os atletas sigam medidas de higiene no âmbito da Covid-19. Mais de oito equipas dependem das instalações para a prática do futebol.
Fernando Rafael, desportista no Clube dos Federados, de Maxixe, diz que não há sinais de reabilitação do campo e dos balneários. "Como nada está-se a fazer, nós não queremos ficar parados, [por isso] estamos aqui", diz o futebolista entrevistado nas dependências do estádio.
Freitas Cossa reclama da insuficiência de espaços para práticas desportivas em Maxixe. "A nível do centro da cidade, não temos um campo para poder treinar ou praticar exercícios físicos. Este campo é indispensável não temos alternativa", lamenta.