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CEDEAO: Divisões sobre golpes de Estado podem agitar cimeira

Carole Assignon
9 de dezembro de 2023

A atitude conciliadora adotada por alguns países, como o Togo, em relação às juntas militares, poderá enfraquecer a CEDEAO, que se reúne em Abuja, este domingo (10.12).

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Líderes da CEDEAO reunidos em Abuja, em agosto, após o golpe de Estado no NígerFoto: Gbemiga Olamikan/AP/picture alliance

No domingo, 10 de dezembro, a capital nigeriana, Abuja, acolhe uma cimeira de dirigentes da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). A reunião tem lugar num contexto de tensão na região.

Os golpes de Estado no Mali, Burkina Faso, Níger e Guiné-Conacri, bem como as sanções contra estes países, prometem marcar a agenda da CEDEAO na cimeira de Abuja, este domingo (10.12) - e as primeiras divergências entre os Estados-membros poderão ter origem nestas questões.

Para ja, há pelo menos um país que já não hesita em adotar uma atitude mais flexível em relação aos golpistas: o Togo. Em outubro, por exemplo, Lomé organizou um fórum sobre paz e segurança, convidando representantes de três países liderados por militares golpistas: Mali, Burkina Faso e Níger.

O Níger, cujo líder, o general Abdourahmane Tiani, tomou o poder pela força, foi anunciado em Lomé para uma visita de "amizade e trabalho" na véspera da cimeira da CEDEAO.

Interesses políticos e económicos

Uma ação que não surpreende o politólogo Mounkaïla Mossi. Para o analista, além das razões políticas, estão também em jogo interesses económicos. "Todos estão a tentar tirar partido da crise. O Níger pode ser um parceiro-chave para o Togo", especialmente porque existe uma crise entre o Níger e o Benim, explica.

"O Benim é um parceiro fundamental em termos de exportação de mercadorias para o Níger, através do porto de Cotonou", salienta Mossi, mas desde a crise "o Togo está a tirar partido da situação, uma vez que as mercadorias estão a passar por Lomé em vez de Cotonou".

Guerras fazem esquecer a instabilidade na África Ocidental

Enquanto o Níger e outros países em transição após golpes de Estado serão, sem dúvida, debatidos uma vez mais em Abuja, o ativismo diplomático do Togo nesta matéria continua a levantar questões, sobretudo, porque, no seio da CEDEAO, alguns países adotaram uma posição intransigente em relação aos golpistas - é o caso do Benim em relação ao vizinho Níger.

Mas há também a Nigéria, o gigante da sub-região, que se mantém firme na sua posição face aos golpistas.

Uma posição "inviável"

O ativismo do Togo permitiu a libertação de soldados da Costa do Marfim detidos no Mali, em janeiro passado, e ajudou uma delegação da CEDEAO a encontrar-se com o Presidente deposto do Níger, Mohamed Bazoum, em agosto, mas a posição de Lomé face aos regimes golpistas não é viável, segundo o especialista em governação e presidente do Instituto Tamberma para a Governação, Paul Ameganpko.

"É evidente que existe atualmente uma divisão, posições contraditórias entre certos Estados-membros da CEDEAO", explica, em entrevista à DW, sublinhando que "o Togo é um desses países que consideram que é necessário negociar "as regras comunitárias que condenam e sancionam os golpes de Estado".

Na sua opinião, a estratégia de Lomé sobre estas questões "enfraquece a CEDEAO". A posição do Togo "é inviável, na medida em que as regras comunitárias devem ser aplicadas e as transições continuam a ser transições", considera o especialista.

Paul Amegankpo chama a atenção para o risco de crises que uma má gestão das transições pode gerar no futuro, lembrando que as posições de países como o Benim e a Nigéria, descritas como rígidas, são mais baseadas na legalidade.

O Níger, tal como o Burkina Faso e o Mali, atualmente suspensos da organização, não deverão estar presentes em Abuja. Os três países que enfrentam uma "crise jihadista" juntaram-se recentemente para formar a Aliança dos Estados do Sahel.

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