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Gravidez precoce aumenta na província angolana do Bengo

António Ambrósio
30 de janeiro de 2023

Só nos últimos meses, foram registados cerca de mil novos casos de gravidez precoce na província angolana do Bengo. A situação preocupa as autoridades, que estão a organizar palestras para pôr cobro à situação.

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Symbolbild Schwangerschaft Bauch Frau Baby
Foto: imago images/Panthermedia

No Centro Materno Infantil das Mabubas, por exemplo, são registados diariamente cerca de cinco casos de gravidez precoce. E ao Hospital Geral do Bengo chegam cerca de 20 casos de gravidez precoce por mês.

"Fiquei grávida com 14 anos. Tinha muito medo, não consegui falar", contou à DW sob anonimato à DW uma jovem que passou pela situação.

"Quando a minha mãe tomou conhecimento, ficou muito chateada e queria expulsar-me de casa", relata a jovem, acrescentando que o pai, quando soube da gravidez, não permitiu que a filha fosse embora. "Porque é coisa que acontece", alegou o pai.

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Outra jovem mãe que também aceitou falar com a DW sob anonimato lamenta o facto de ter começado a vida sexual antes do tempo recomendado e desencoraja outras meninas a fazê-lo.

"Tive bom acompanhamento e hoje estou aqui, mas não aconselho a ninguém. O bom mesmo é esperar a idade própria e engravidar sem nenhum tipo de problema", recomenda.

Maior incidência nas zonas rurais

O diretor do Centro Materno Infantil das Mabubas salienta que a maior parte dos casos são provenientes das zonas rurais. António Martins considera preocupante a situação e pede um trabalho conjunto.

O médico alerta que alguns casos de gravidez precoce têm surgido associados a doenças sexualmente transmissíveis.

"Poucos são os que tiveram incidência para o HIV, mas a incidência foi mais para a blenorragia que é tratável, para a sífilis e todos os casos que afluíram para sífilis foram tratados", diz.

A administradora adjunta do Município do Dande, Felisberta dos Anjos, está preocupada com a situação e anuncia uma série de palestras para travar o aumento de casos.

"Porque vamos a algumas comunidades e encontramos crianças com idade dos 13 aos 14 anos grávidas, isso preocupa-nso. É uma das grandes lutas e para colmatar isso temos que direcionar política de palestras ao nível das escolas para melhorarmos os serviços sociais", conclui.

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